Grupo espanhol vai produzir 84 milhões de vacinas por ano na primeira unidade e quer ser “referência mundial”. Primeiro-ministro enaltece futuro pólo biotecnologico transfronteiriço.
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O grupo espanhol Zendal inaugurou esta sexta-feira a primeira fábrica de vacinas portuguesa, no parque empresarial de Formariz, em Paredes de Coura, e anunciou que está a dar passos para ali construir a segunda, com o objetivo de criar um pólo biotecnológico “de referência mundial", centrado na eurorregião Norte de Portugal e Galiza.
Segundo Andrés Fernandez, CEO da Zendal, que tem sede na localidade galega de Porriño, a nova unidade, já em laboração, representa um investimento de 25 milhões de euros e vai produzir 84 milhões de vacinas por ano.
O primeiro-ministro, António Costa, presidiu à inauguração da fábrica e também, durante a manhã, da ligação à A3 (autoestrada Porto-Valença) do parque empresarial onde esta está instalada, uma obra de 11 milhões de euros, concretizada ao abrigo do Programa de Valorização das Áreas Empresariais. E aplaudiu o projeto de expansão do grupo espanhol em território nacional e o seu cariz transfronteiriço.
“É sobretudo bom ver que a Zendal não está satisfeita com aquilo que já alcançou e que tem a ambição de prosseguir. Olhamos à volta do parque industrial [de Formariz] e vemos que há espaço para crescer”, declarou António Costa, no seu discurso inaugural. "Gosto sobretudo da ideia de ver que este é um projeto de uma região europeia, junto ao Norte e à Galiza. Não é só fazer uma fábrica, é ter um polo biotecnológico, onde se associem o tecido empresarial, que os poderes públicos possam cumprir a sua função de suportar esse casamento entre o conhecimento e a atividade empresarial, e que daí resulte melhor qualidade de saúde para todos”.
Antes, Andrés Fernández referiu que a unidade fabril em Paredes de Coura “foi criada com o objetivo de fabricar vacinas em larga escala” e está “dotada com a mais recente tecnologia para desenvolver todo o processo de uma vacina”.
“Mas isto é apenas o começo. Pois já estamos a avaliar a viabilidade de uma nova instalação neste mesmo parque industrial, para aumentar a nossa presença e o nosso compromisso com a euro-região Norte de Portugal e Galiza”, afirmou. "Fazer apenas uma fábrica aqui não é o objetivo. O objetivo é instalar um pólo biotecnológico na eurorregião que nos situe no mapa mundial como referência”.
Além da primeira fábrica de vacinas do país, Costa inaugurou uma ligação daquela vila à autoestrada A3, que era reclamada há cerca 40 anos em Paredes de Coura, e visitou a fábrica de componentes para automóveis, Doureca, que “renasceu das cinzas” após ter sido destruída por um incêndio em 2021. Ao autarca local, Vitor Paulo Pereira, disse à chegada: “Continua a conseguir impossíveis”. E referiu aquele concelho do interior do Alto Minho e toda aquela região como “um exemplo”, a ser seguido pelo país pela sua “resiliência” e aproveitamento da “enorme vantagem competitiva” do território fronteiriço, Norte de Portugal e Galiza.