A atriz norte-americana Angelina Jolie afirmou, este domingo, que já não reconhece o seu país, manifestando preocupação com as ameaças à liberdade de expressão durante a apresentação do seu mais recente filme no festival de cinema de San Sebastián, em Espanha.
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Os comentários surgem numa altura de crescentes preocupações com a liberdade de expressão nos Estados Unidos, após a repressão do presidente Donald Trump aos meios de comunicação críticos e a recente suspensão do programa do apresentador Jimmy Kimmel por comentários sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk.
"Amo o meu país, mas neste momento não o reconheço", disse Jolie quando questionada se temia pela liberdade de expressão nos Estados Unidos. "Qualquer coisa, em qualquer lugar, que divida ou, claro, limite as expressões e liberdades pessoais, e de qualquer pessoa, acho muito perigoso", acrescentou. "Estes são tempos muito, muito difíceis em que estamos todos a viver juntos".
Jolie, de 50 anos, esteve em San Sebastián para promover "Couture", realizado pela cineasta francesa Alice Winocour, que concorre ao prémio máximo do festival, a Concha de Ouro. Interpreta Maxine Walker, uma realizadora de cinema norte-americana que enfrenta um divórcio e uma doença grave enquanto transita pela Semana da Moda de Paris e inicia um romance com um colega, interpretado pelo ator francês Louis Garrel.
A atriz vencedora de um Óscar, homenageada em 1999 pelo seu papel em "Girl, Interrupted", disse que se identificou pessoalmente com as dificuldades da sua mais recente personagem. Jolie foi submetida a uma mastectomia dupla em 2013 e, posteriormente, removeu os ovários e as trompas de Falópio para reduzir o seu elevado risco genético de cancro, que tirou a vida à sua mãe e à sua avó.
Visivelmente emocionada, disse que pensou frequentemente na mãe enquanto filmava o filme. "Gostava que ela pudesse falar tão abertamente como eu, que as pessoas respondessem tão gentilmente como vocês, e que não se sentisse tão sozinha", disse Jolie. "Há algo de muito particular nos cancros femininos, porque obviamente afetam-nos, sabe, como nos sentimos como mulheres".