Estrelas sofrem retaliações, que vão do despedimento a ameaças, depois de contestarem ataques israelitas.
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A guerra entre Israel e o Hamas, que ontem libertou 13 reféns israelitas, está a causar muitas dores de cabeça a algumas estrelas internacionais (e a pelo menos uma nacional), depois de se terem manifestado publicamente a favor do Estado da Palestina. Há despedimentos e a fama - ou os Oscars recebidos - parece não fazerem a diferença.
Susan Sarandon é um destes casos. Aos 77 anos, a atriz, vencedora de um Oscar e ativista, tomou uma posição sobre o conflito no Médio Oriente. A publicação da frase “mantenha a Palestina nos seus corações, reze pelos palestinianos”, nas redes sociais, valeu-lhe o despedimento da United Talent Agency, uma das agências de atores mais conhecidas dos Estados Unidos.
A atriz manteve a sua luta ao participar em dois comícios pró-Palestina em Nova Iorque. “Há muitas pessoas que estão com medo, que estão com medo de ser judeus neste momento e estão a experimentar como é ser muçulmano neste país”, disse à multidão.
Melissa Barrera, 33 anos, do filme “Gritos VII”, foi afastada da empresa que a representava, a Spyglass. A atriz escreveu que “Gaza está a ser tratada atualmente como um campo de concentração”, falando em “genocídio e limpeza étnica”.
A agência justificou a decisão. “Temos tolerância zero ao antissemitismo ou ao incitamento ao ódio sob qualquer forma, incluindo falsas referências ao genocídio, depuração étnica, distorção do holocausto ou qualquer coisa que ultrapasse flagrantemente a linha do discurso de ódio”.
Melissa reagiu: “Sinto a responsabilidade de ter uma plataforma que me permite o privilégio de ser ouvida e, por isso, tenho tentado usá-la para aumentar a consciencialização”.
Perguntas do Governo
Gigi Hadid, uma famosa modela, também defendeu a Palestina, terra do pai, e deixou claro que não apoia o Hamas, em declarações escritas no X e no Instagram. O Governo de Israel não gostou e perguntou-lhe, no antigo Twitter, se não está a fechar os olhos aos bebés massacrados. Toda a família da manequim tem recebido ameaças por telefone e emails, questionando a hipótese de pedir ajuda ao FBI.
Tom Cruise, 61 anos, viu-se indiretamente envolvido neste diferendo ao interceder contra o despedimento da sua agente, Maha Dakhil, que por dizer que “há um genocídio a acontecer” chegou a ser dispensada do cargo de codiretora do departamento cinematográfico da Creative Artists. Conseguiu que ela mantivesse a função.
Os casos portugueses
Jorge Corrula, 45 anos, usou o perfil de Instagram para fazer uma denúncia. “Fui aconselhado a não falar mais no genocídio que está a acontecer em Gaza! Se continuar a fazê-lo, posso vir a ser prejudicado profissionalmente”. O músico Paulo Vintém mostrou-se chocado e apelou a que se fale no assunto.
Joana Seixas aderiu ao movimento “artistas contra o genocídio” e escreveu que o Parlamento português “não a representa”.
Do outro lado do conflito, Daniela Ruah, 39 anos, que tem família judia, escreveu, na altura do massacre no festival Supernova: “O mal existe e está a acontecer diante dos nossos olhos”.
Defensores de Israel
Madonna, 65 anos, que atuou recentemente em Portugal, também tomou uma posição por Israel. “Os conflitos não podem ser nunca resolvidos com violência. O meu coração está com Israel”. Triste com as “vítimas inocentes que foram mortas”, destacou que a humanidade “vive num Mundo acossado pelo ódio”. Finalmente, a atriz israelita Gal Gadot disse, naquela altura, que “o Mundo não pode ficar em cima do muro a ver, enquanto esses horríveis atos de terror acontecem”. A intérprete fez tropa em Israel.