Sem filhos, o estilista italiano deixa uma herança avaliada em 8,6 mil milhões de euros. Uma semana antes de morrer, Giorgio Armani revelou que queria uma sucessão "orgânica", confiando responsabilidades a familiares próximos, sobretudo às sobrinhas e ao companheiro Leo Dell"Orco.
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Giorgio Armani morreu na quinta-feira, em Milão, aos 91 anos. Dias antes, em entrevista ao jornal "Financial Times", o criador tinha explicado como preparava a sucessão da sua fortuna avaliada em 8,6 mil milhões de euros e do império de luxo que construiu ao longo de quase cinco décadas. "Gostaria que a sucessão fosse orgânica e não um momento de rutura", afirmou o estilista, que desejava uma transição gradual das responsabilidades.
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Sem descendência direta, Armani apontou familiares próximos e Leo Dell"Orco, companheiro de longa data e chefe do design masculino, como pilares do futuro da marca. A irmã Rosanna, as sobrinhas Silvana e Roberta e o sobrinho Andrea Camerana também constam no plano sucessório, que foi sendo delineado com pragmatismo e discrição.
Família preparada para assumir o legado
Em 2023, a agência Reuters revelou documentos internos que já identificavam esses nomes. Entre eles, Silvana Armani, diretora da área de Moda Feminina, ganhou especial destaque. O tio chegou a referi-la como provável futura líder: "Ela está a começar a entender, acho que vai chefiar a casa depois de mim", afirmou.
Armani com a sobrinha Silvana, uma das possíveis sucessoras
Foto: Andreas Solaro / AFP
Armani construiu a sua empresa ao lado de Sergio Galeotti, com quem fundou a Giorgio Armani S.p.A. em 1975. Galeotti morreu em 1985, mas o criador manteve viva a marca, que se tornou um dos maiores grupos de luxo do mundo. Só em 2024, a receita líquida atingiu os 2,3 mil milhões de euros.
Saúde fragilizada e despedida discreta
Nos últimos meses, o estilista apresentava sinais de fragilidade. A ausência inédita nos desfiles da Semana de Moda Masculina de Milão foi um dos primeiros indícios do agravamento do seu estado de saúde. O anúncio da sua morte foi feito pelo Grupo Armani, que expressou "infinito pesar" pela perda de quem descreveu como "força incansável" da casa.
Além da herança empresarial, Armani deixa um vasto património pessoal, incluindo propriedades em Milão, Paris, Saint-Tropez e Saint-Moritz, bem como o iate "Main", avaliado em 60 milhões de euros. Ao todo, a fortuna está avaliada em 8,6 mil milhões de euros.
O perfecionista que se arrependeu do tempo perdido
Conhecido pelo controlo absoluto sobre a sua marca, Armani admitiu em entrevista que esse era o seu ponto fraco. "A minha maior fraqueza é que estou no controlo de tudo", disse, sublinhando que o trabalho árduo foi sempre a chave do seu sucesso. Mesmo aos 91 anos, supervisionava todas as decisões criativas.
Ainda assim, deixou espaço para uma nota de frustração pessoal: "O meu único arrependimento na vida foi passar demasiado tempo a trabalhar e pouco com amigos e família." Uma confissão que contrasta com a imagem pública de incansável dedicação ao mundo da moda, onde deixou uma marca de sofisticação discreta, que se tornou sinónimo de luxo italiano.