Virginia Giuffre, que denunciou os abusos de Jeffrey Epstein, morreu em abril aos 41 anos. O seu livro póstumo "Nobody"s Girl", a publicar a 21 de outubro, revela detalhes íntimos da rede de tráfico sexual e as acusações contra o príncipe André, sem envolver Donald Trump.
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Virginia Giuffre, de 41 anos, morreu a 25 de abril, na Austrália. Antes da morte, tinha deixado concluídas as suas memórias, que serão agora publicadas pela editora norte-americana Alfred A. Knopf. O lançamento está marcado para 21 de outubro.
O livro, intitulado "Nobody"s Girl: A Memoir of Surviving Abuse and Fighting for Justice", tem cerca de 400 páginas e foi escrito em colaboração com a jornalista Amy Wallace. A obra detalha episódios de abuso, manipulação e exploração sexual sofridos por Giuffre e explica como denunciou Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell.
Virginia Giuffre defendia que o livro tinha um propósito maior: expor "falhas sistémicas que permitem o tráfico de pessoas vulneráveis através das fronteiras" e garantir que a verdade sobre estes crimes fosse conhecida. Num e-mail enviado à coautora a 1 de abril, afirmava ser o seu "desejo do coração" que as memórias chegassem aos escaparates.
"Na eventualidade da minha morte, gostaria de assegurar que 'Nobody"s Girl' será lançado. Acredito que tem o potencial de ter impacto em muitas vidas e de promover os debates necessários sobre estas graves injustiças", escreveu Giuffre, que estava hospitalizada na sequência de um acidente sofrido a 24 de março.
Novos pormenores sobre o príncipe André
O livro inclui, pela primeira vez desde o acordo extrajudicial de 2022, referências ao príncipe André, Duque de Iorque, e a outros conhecidos de Epstein, mas não faz quaisquer alegações contra Donald Trump. Giuffre trabalhou como massagista em Mar-a-Lago e conheceu Maxwell em 2000, mas o presidente dos Estados Unidos não é mencionado como alegado abusador.
Em 2021, Giuffre apresentou uma queixa formal contra o príncipe André, acusando-o de três violações enquanto menor. Ele rejeitou as acusações e, no ano seguinte, chegou a um acordo extrajudicial com Giuffre, reconhecendo ligações a Epstein sem admitir culpa. O valor da indemnização não foi divulgado, podendo vir a ser revelado nas memórias.
A coautora, Amy Wallace, garante que todos os factos do livro foram "rigorosamente e legalmente verificados". Segundo a editora, as memórias contêm "novos pormenores íntimos, perturbadores e desoladores sobre o tempo que Giuffre passou com Epstein, Maxwell e os seus muitos amigos, incluindo o Duque de Iorque".
A publicação chega num momento delicado para André, irmão do rei Carlos III, cuja reputação já tinha sido abalada. Em 2022, a mãe retirou-lhe honras militares e patrocínios, e a obra promete aprofundar ainda mais a perceção pública sobre o seu envolvimento na rede de Epstein, que continua a gerar polémica, também alimentada por uma recente biografia de Andrew Lownie.