Passos Coelho sem oposição interna chega ao Congresso com eleições no horizonte
Há quatro anos na liderança dos sociais-democratas e há quase três como primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho chega ao XXXV Congresso Nacional do PSD sem oposição interna e com um novo ciclo de eleições no horizonte.
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Reeleito presidente do PSD nas diretas de 25 de janeiro, sem adversários, Passos Coelho apresentou-se para este novo mandato de dois anos defendendo que Portugal precisa de "um horizonte de estabilidade e de muita determinação política" no "novo ciclo eleitoral" que inclui as europeias de 25 de maio deste ano, as legislativas de 2015 de as presidenciais de 2016.
As europeias acontecem dias depois da data que tem sido referida para a conclusão do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal, 17 de maio, um marco decisivo para o atual Governo de coligação PSD/CDS-PP, que o tem apontado como um ponto de viragem.
Recentemente, o primeiro-ministro tem sustentado que os sacrifícios dos últimos três anos produziram resultados, que os principais desequilíbrios do país foram corrigidos e os piores cenários estão agora afastados, prenunciando uma possível revisão em alta das perspetivas de crescimento económico para este ano.
O XXXV Congresso Nacional do PSD, que vai eleger a nova equipa de direção nacional e os restantes órgãos do partido para o "novo ciclo eleitoral", terá como lema "Portugal, acima de tudo!", que é também o título da moção de estratégia global de Passos Coelho.
Nesse documento, o presidente do PSD afirma que "o país está prestes a sair da situação excecional de emergência", fala genericamente de uma eventual descida de impostos, não indicando valores ou calendários, e propõe construir "um memorando de confiança" com os partidos do arco da governação e os parceiros sociais.
Sem antecipar o recurso ou não a um programa cautelar no chamado período "pós-troika", Passos Coelho tem ressalvado a necessidade de manter a disciplina orçamental, insistindo em chamar o PS a participar na definição das trajetórias para o défice e para a dívida do Estado.
Quanto às eleições europeias, confirma, na sua moção, que PSD e CDS-PP concorrerão coligados, com um programa comum.
Embora a escolha dos candidatos da maioria tenha sido remetida para depois da eleição dos novos órgãos do PSD neste Congresso, existe a dúvida sobre se Passos Coelho aproveitará ou não a ocasião para o anúncio oficial de Paulo Rangel como número um dessa lista conjunta.
Passos Coelho teve Paulo Rangel como principal adversário nas diretas de 2010, em que foi pela primeira vez eleito presidente do PSD. Na sequência dessas eleições, convidou o eurodeputado para encabeçar uma "lista de unidade" ao Conselho Nacional do PSD, órgão máximo entre congressos, o que se repetiu dois anos mais tarde.
Desde que é primeiro-ministro, Passos Coelho tem ouvido críticas sucessivas de figuras sociais-democratas, incluindo ex-presidentes do partido, mas essa contestação nunca se traduziu em oposição interna organizada à sua liderança.
Ainda no plano interno, este Congresso acontece no seguimento de um conjunto de expulsões de militantes que foram candidatos ou mandatários em listas adversárias do partido nas autárquicas de 2013, com destaque para António Capucho, que saiu do partido ao fim de 40 anos de militância.
Relativamente às legislativas de 2016, Passos Coelho recandidatou-se à liderança do PSD afirmando a intenção de "disputar as próximas legislativas como candidato a primeiro-ministro" e, na sua moção, admite que os sociais-democratas venham a "avaliar, oportunamente, a possibilidade extraordinária de concorrer a essas eleições em coligação pré-eleitoral com o seu atual parceiro de coligação", o CDS-PP.
No que respeita às presidenciais de 2016, traçou um perfil polémico, que alguns consideraram ter como objetivo excluir Marcelo Rebelo de Sousa - incluindo o próprio, que em consequência disso se colocou de fora da corrida a Belém.
Passos Coelho escreveu que o Presidente da República deve evitar "tornar-se numa espécie de protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num cata-vento de opiniões erráticas em função da mera mediatização gerada em torno do fenómeno político" e "não deve buscar a popularidade fácil", nem ser mais um interveniente "na disputa política geral".
Está previsto que os trabalhos deste Congresso comecem às 21:00 de sexta-feira e que a sessão de encerramento comece às 13:00 de domingo. Segundo o gabinete de imprensa social-democrata, esta reunião magna dará início às celebrações dos 40 anos de democracia e dos 40 anos do PSD.