Cavaco Silva lembrou que "não compete ao Presidente da República intervir naquilo que é o domínio exclusivo do Governo" ou na "actividade própria da oposição" e considerou que o "Orçamento do Estado para 2010 é o momento adequado” para uma “concertação política” que “sirva o interesse nacional".
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PS
O PS disse "assumir integralmente a responsabilidade" de governar o país e defendeu que "as bases do diálogo" com a oposição sobre o Orçamento do Estado para 2010 devem partir de "opções de fundo" do documento.
Numa conferência de imprensa na sede do PS, Francisco Assis afirmou que os socialistas estão "disponíveis para promover todos os entendimentos necessários para garantir a aprovação documentos essenciais para a governação do país".
Confrontado com o apelo de Cavaco Silva a uma "concertação política" dos partidos na aprovação do Orçamento do Estado para este ano, o líder parlamentar socialista referiu que "esse é um desafio da realidade político-parlamentar actual".
Para Francisco Assis, as "bases para esse diálogo" com a oposição parlamentar "têm de ser naturalmente as opções de fundo do Orçamento do Estado".
"Depois, com toda a clareza e com toda a transparência, devemos iniciar esse diálogo e essa negociação com os demais partidos", afirmou.
"Espero francamente que neste novo ano haja da parte das oposições uma outra disponibilidade para um diálogo sério com o Governo e o Governo evidentemente tem de se abrir a esse diálogo, não temos a mais pequena dúvida sobre isto", acrescentou.
"Espero que no início deste ano se encerre uma primeira fase desta legislatura, infelizmente muito negativa, em que os partidos da oposição estiveram mais preocupados em fazer um ajuste de contas com o passado do que em contribuir com soluções para o futuro, espero que o momento do Orçamento do Estado seja um momento de clarificação e estabilização da vida política do país", acrescentou.
PSD
O PSD subscreve a "denúncia" feita por Cavaco Silva no seu discurso sobre a "crise de confiança dos portugueses na justiça", aplaudindo também o apelo do Presidente ao desenvolvimento de uma "cultura de responsabilidade".
Em declarações aos jornalistas na sede do partido, o secretário-geral social-democrata, Luís Marques Guedes, afirmou que a mensagem de Ano Novo de Cavaco Silva abordou "de forma directa aspectos que têm sido centrais na crítica que o PSD faz à actual situação política" do país.
De entre as questões "particularmente caras" ao PSD focadas pelo chefe de Estado, Marques Guedes destacou a referência à "crise de valores" - como os valores da família, a ética e a confiança na justiça - e apontou o Governo socialista como o seu responsável..
Para o secretário-geral do PSD, é fundamental que todos os partidos, do Governo e da oposição, partilhem a "cultura de responsabilidades" referida por Cavaco Silva, e considerou que este é o instrumento necessário "para fazer frente à situação muito difícil em que o país se encontra".
Questionado sobre eventuais acordos entre o partido e o PS, o responsável afirmou que o PSD está "sempre disponível para defender o seu entendimento do interesse nacional", sempre que este o exigir.
CDS-PP
O CDS-PP entende que a "boa atitude" do Presidente na sua mensagem de Ano Novo "contrasta" com o que se tem "vindo a ver e ouvir" da parte do primeiro-ministro, José Sócrates.
"Acompanhamos o PR quando centra as questões essenciais do país, do ponto de vista social, no combate e apoio ao desemprego. Trata-se de uma situação de emergência social em que vivemos, em que um significativo número de portugueses não tem neste momento trabalho", frisou o deputado Nuno Magalhães à Agência Lusa.
O deputado destacou também a "preocupação" de Cavaco Silva sobre a "necessidade do reforço de políticas em relação à família" e à recuperação "dos valores da família", em alturas de crise, "mas não só".
BE
O Bloco de Esquerda garante que assumirá um "combate responsável" por um Orçamento do Estado "contra a crise, o abuso e a desigualdade".
"Em matéria de Orçamento do Estado, temos uma atitude responsável, de apresentação de propostas, algumas que temos vindo a apresentar e o PS tem rejeitado, no combate à crise e ao desemprego e por medidas que promovam a coesão, de forma a que o Estado possa desenvolver as políticas sociais que façam frente à emergência em que muitas famílias portuguesas vivem", disse João Semedo à Agência Lusa.
Perante a situação económica de Portugal, Cavaco Silva considerou que o "Orçamento do Estado para 2010 é o momento adequado” para uma “concertação política, que, com sentido de responsabilidade de todas as partes, sirva o interesse nacional".
João Semedo referiu que o défice "não pode servir de pretexto" para novos sacrifícios dos portugueses. "É preciso lembrar que o défice, as contas públicas, a dívida pública e externa não podem servir uma vez mais de pretexto para voltar a sacrificar aqueles que são sempre os principais sacrificados", frisou.
PCP
Para o PCP, Cavaco Silva devia ter alertado para a necessidade de uma alteração de políticas no seu discurso.
"O Presidente da República não fala na distribuição da riqueza, que cria cada vez maiores dificuldades às famílias, não fala uma única vez na estabilidade laboral, não fala na precariedade", enumerou Jorge Pires, da comissão política do PCP, à Agência Lusa, assinalando que "mais de um terço dos trabalhadores portugueses estão em situação precária".
"Não faz nenhuma referência, nem chama a atenção, para o facto de a insistência na mesma política conduzir exactamente aos mesmos resultados, que conduziram o país à situação que vive hoje", acrescentou.
Sobre o Orçamento do Estado para 2010, que Cavaco Silva apontou como "o momento adequado para concertação política" entre os partidos, Jorge Pires frisou que o PCP não estará disponível "para convergir sobre matérias em que se mantêm as orientações políticas que têm sido seguidas nos últimos anos".
