O sociólogo António Barreto desafiou políticos, empresários, sindicalistas e funcionários a darem um "bom exemplo", mais do que palavras ou "sinais de esperança", para ajudar à recuperação do país, no actual momento de crise económica.
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António Barreto, presidente da comissão organizadora das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que este ano decorreram em Santarém, disse que "mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo".
"Dê-se o exemplo e esse gesto será fértil! Não vale a pena dar 'sinais de esperança' ou 'mensagens de confiança'. Quem assim age, tem apenas a fórmula e a retórica", afirmou Barreto, na sua intervenção na sessão solene.
António Barreto solicitou exemplos a todos os níveis: "Um poder firme mas flexível e a democracia melhorará".
"Dê-se o exemplo de honestidade e verdade, e a corrupção diminuirá. Dê-se o exemplo de tratamento humano e justo e a crispação reduzir-se-á. Dê-se o exemplo de trabalho, de poupança e de investimento e a economia sentirá os seus efeitos", defendeu.
O responsável pela comissão organizadora dirigiu uma palavra aos políticos, empresários, sindicalistas e funcionários para os lembrar que "em tempos de excesso de informação e de propaganda", as suas palavras "são cada vez mais vazias e inúteis", ao passo que o seu exemplo "é cada vez mais decisivo".
"Se tiverem consideração por quem trabalha, poderão melhor atravessar as crises. Se forem verdadeiros, serão respeitados, mesmo em tempos difíceis", sustentou.
Para o responsável, "em momentos de crise económica, de abaixamento dos critérios morais no exercício de funções empresariais ou políticas, o bom exemplo pode ser a chave, não para as soluções milagrosas, mas para o esforço de recuperação do país".
António Barreto comentou ainda a "elevadíssima abstenção" nas eleições europeias de domingo que, considerou, comprova a "permanente crise de legitimidade e de representatividade nas instituições europeias".
No início do seu discurso, o responsável recordou o cineasta João Bénard da Costa, falecido recentemente, que durante dez anos presidiu às comemorações do 10 de Junho.