O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu, nas comemorações do 10 de Junho, em Santarém, que deve ser dada prioridade à formação dos militares e sublinhou que as Forças Armadas devem "operar eficientemente dentro dos limites orçamentais impostos".
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Cavaco Silva dedicou o seu discurso às Forças Armadas durante a cerimónia militar que assinala esta quarta-feira, em Santarém, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, destacando o desempenho dos militares em operações internacionais e a nível nacional e a importância da sua formação. O Presidente admitiu alguma preocupação com a falta de preparação física dos jovens, demonstrada pela elevada percentagem de candidatos a militares que são eliminados nas provas físicas.
"Face aos objectivos que se pretendem atingir com as Forças Armadas, importa assegurar a disponibilização de meios adequados à existência de um sistema militar coerente, capaz de operar eficientemente dentro dos limites orçamentais impostos", salientou o Presidente da República, na sua intervenção.
Cavaco Silva acrescentou que "os elevados padrões de disciplina e de coesão que o país deve exigir às Forças Armadas impõem um especial cuidado na salvaguarda da condição militar dos homens e mulheres que as integram", além de, salientou, "uma preocupação acrescida de justiça na definição das suas condições socioprofissionais".
Durante o seu discurso, o Chefe de Estado insistiu na atenção à formação dos militares.
"Em todos os processos de transformação das Forças Armadas, mais do que a actualização tecnológica dos recursos materiais, sobressai a qualidade dos recursos humanos como o mais valioso activo da instituição militar. Daí a prioridade que deve ser dada ao apuramento da sua formação", destacou o Presidente da República.
Cavaco Silva salientou que o ensino deverá incluir "uma sólida formação ética e comportamental dos jovens militares", lembrando que "a capacidade e o treino físico são condições indispensáveis para o exercício da profissão militar".
A este propósito, o Presidente referiu que cerca de 40 por cento de candidatos às escolas militares são eliminados nas provas físicas, um dado que considerou "uma característica das sociedades modernas", mas que disse ser "com certeza preocupante".
"Importa melhorar a condição física dos nossos jovens, não só numa perspectiva da Defesa Nacional mas também por razões de saúde pública e bem-estar da população", destacou.
Cavaco Silva enunciou ainda presenças das forças portuguesas em operações das Nações Unidas, da OTAN e da União Europeia, uma participação que, sublinhou, deve prosseguir.
"Devemos, para a salvaguarda dos nossos próprios interesses, continuar a honrar os compromissos com estas organizações e garantir as condições adequadas para que as nossas Forças Armadas possam ombrear com as demais no cumprimento das missões internacionais", disse.
Na cerimónia estão presentes o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, o primeiro-ministro, José Sócrates, e vários membros do Governo.
As comemorações começaram com uma homenagem, pelo Presidente da República, a Salgueiro Maia, que em Abril de 1974 dirigiu uma coluna militar a partir de Santarém e "marchou para Lisboa em nome dos ideais da liberdade e da democracia".
Cavaco Silva depositou uma coroa de flores junto ao monumento ao capitão de Abril, no Jardim dos Cravos, num gesto observado por centenas de populares.
Depois, o Presidente passou em revista as tropas e presenciou a homenagem aos mortos.
Após o desfile das Forças Armadas, a cerimónia prossegue com a condecoração de personalidades da sociedade portuguesa, durante a sessão solene do 10 de Junho.