Dirigente do Bloco de Esquerda Ana Drago considerou ser "inusitado" uma coligação com o PS caso este não ganhe as próximas eleições legislativas com maioria absoluta, como já propôs Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso.
Corpo do artigo
"Uma coligação é um bocadinho inusitado porque durante estes quatro anos, aquilo que foi a linha política do Governo e do Partido Socialista foi combatida por nós e creio que é hoje do desagrado de grandes sectores da população portuguesa", apontou Ana Drago.
A dirigente bloquista falava com os jornalistas no final da entrega da lista de candidatos do Bloco de Esquerda à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Lisboa, na qual é número dois, e da lista de candidatos à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal da capital, no Tribunal Cível de Lisboa, por uma comitiva do partido.
Para Ana Drago, o BE sempre discutirá "políticas a favor de uma mudança política" e de "uma transformação que permita combater a crise, criar mais igualdade no país, qualificar os serviços públicos, refazer o Código do Trabalho", mas entende não fazer "qualquer sentido" analisar uma coligação com o PS.
"Nós batemo-nos por propostas políticas, estamos dispostos a conversar sobre essas propostas políticas, mas não fazemos coligações na base de declarações um pouco estapafúrdias por parte de alguns dirigentes", apontou.
Declarações que surgem depois do ex-líder do PS Ferro Rodrigues ter defendido, numa entrevista ao semanário Expresso, que o PS deve desafiar PCP e BE para o Governo, frisando ainda que se tal não for possível, o seu partido deverá "virar-se para o PSD, nunca para o CDS".
Ideia também partilhada por Paulo Pedroso, que se junta agora ao ex-líder do PS na defesa de que o PS se deve coligar à esquerda caso não consiga vencer as eleições legislativas de 27 de Setembro com maioria absoluta.
Também no final da entrega das listas, o mandatário da candidatura do BE à Câmara de Lisboa defendeu a diferença como uma necessidade no crescimento da cidade, sublinhando que não é difícil haver uma vitória da esquerda.
"O meu desejo é que haja diferença, que haja preservação da qualidade e que haja democracia dentro da Câmara porque não existe democracia no unanimísmo e quem quer que seja presidente da Câmara tem de saber respeitar essa diferença", defendeu Fernando Tordo.