O líder do Bloco de Esquerda exigiu ao Governo, esta quarta-feira, que se faça uma auditoria à dívida portuguesa, quer pública, quer privada, e considerou que as políticas recessivas do país levaram Portugal a uma situação de "vergonha".
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A posição do BE foi assumida por Francisco Louçã depois de um encontro com o primeiro-ministro, José Sócrates, sobre o processo negocial que será seguido com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a ajuda externa a conceder a Portugal.
Num encontro que durou escassos 15 minutos, o líder do BE contestou que a base negocial seja o rejeitado Programa de Estabilidade Crescimento (PEC), dizendo que terá "o efeito trágico de aumentar a pobreza".
"Não há nenhum benefício que possa resultar para a economia portuguesa com a redução dos salários, a não ser diminuir a economia; não há nenhum avanço que possa resultar para a resposta aos problemas se a solução for facilitar os despedimentos. Todas essas medidas prejudicam a economia, acentuam a recessão e é absolutamente esclarecedor que o FMI esteja a prever que no próximo ano Portugal seja de forma trágica o único país em recessão", sustentou Francisco Louçã.
"Não podemos viver no tempo da mentira"
A seguir, o coordenador da Comissão Política do BE deixou uma exigência: "Não podemos viver no tempo da mentira e o Governo deve aos portugueses toda a informação de se conhecer exactamente qual o nível de toda a dívida externa pública e privada, que é maior que a pública, através de uma auditoria (a ser feita pelo Tribunal de Contas) para que se saiba quem deve e o que deve, quanto deve, com que prazos deve e com que juros deve".
Segundo Louçã, este "é o único caminho" de transparência para que os portugueses possam tomar uma decisão esclarecida nas próximas eleições.
Nas declarações aos jornalistas, o líder do BE deixou ainda violentas críticas à política económica e financeira seguida nos últimos anos em Portugal. "A política da recessão cria recessão, a política da bancarrota cria bancarrota. Se, como disse o ministro dos Negócios Estrangeiros [Luís Amado] Portugal está numa situação de vergonha, é porque a política que criou a recessão nos leva a uma situação de vergonha", concluiu.