O comendador Joe Berardo considera que "o Governo de Lisboa fez tudo para Alberto João Jardim perder as eleições" legislativas regionais que se disputaram a 9 de Outubro na Madeira.
Corpo do artigo
"Sabem que Alberto João Jardim defende a Madeira melhor do que ninguém, como eu defendo a Cultura", disse o empresário madeirense numa entrevista à Lusa.
Joe Berardo admite ficar "muitas vezes surpreendido com afirmações do presidente Alberto João Jardim", adiantando: "Mas compreendo às vezes a reacção dele, como eu tenho, para chamar a atenção dos problemas é preciso chamar a atenção da comunicação social" e ser "pessoas controversas".
Sobre as críticas ao líder regional na questão da ocultação da dívida, o empresário argumenta que foi "Alberto João quem pediu para averiguar a dívida real da região", defendendo também que esta deve ser comparada com a de Portugal continental.
Joe Berardo criticou ainda "a forma como aconteceu a declaração do ministro das Finanças", próxima das eleições regionais, e "como foi levantada no Parlamento".
Sublinha que "as pessoas não vão à base deste problema" e pergunta: "Como é que as instituições financeiras a nível europeu, internacional e nacional emprestavam dinheiro à Madeira sem os documentos reais", o que diz ser impossível. E antevê que a 'troika' irá impor regras muito difíceis, situação que prevê configurar "um desastre para todos os portugueses".
"Não sei ainda o que vai acontecer com este orçamento e estou muito preocupado com a situação portuguesa", admite, recordando que em 1872, Eça de Queiroz fez um comentário aos problemas financeiros do país na altura, comparando-os com a Grécia, que se enquadra na época actual.
Joe Berardo declara ainda estar "desapontado" com o percurso feito por Portugal ao longo dos tempos, desde que deixou a África do Sul para investir em território nacional, apelando aos governantes portugueses que comecem a pensar em políticas a longo prazo para resolver os problemas.
"Comecei do nada e se amanhã ficar sem nada também sei viver. Eu tenho uma vida muito simples e a minha alegria foi melhorar a vida da população portuguesa com cultura", afirma.
Realça que tem seis netos e que não os vai neste país para o futuro "a não ser que se mude de política", considerando que a situação está a levar a que a juventude portuguesa queira "toda deixar Portugal".