<p>"Vou fechar o café nos próximos quatro dias... está tudo dito", o desabafo do proprietário de um café-restaurante no Parque das Nações, situado no segundo perímetro de segurança da Cimeira da NATO, é elucidativo quanto à desolação de alguns comerciantes: "Isto parece a Faixa de Gaza, ninguém pode vir para aqui", lamenta o comerciante, apontando para a estrutura metálica que envolve todo o perímetro. E realçando o "prejuízo enorme" que o seu estabelecimento vai sofrer.</p>
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Também há, porém, comerciantes satisfeitos, de olho nas "compras de última hora" dos membros da comitiva. "Uma gravata ou uma prendinha para a família, nunca se sabe", diz a funcionária de uma loja de roupa, que não teme distúrbios: "Com tanta polícia aqui, agora é que estamos seguros".
À chegada ao "check point", do lado Norte do Parque das Nações, é visível alguma resistência no trânsito, bem como artérias que nos últimos dias passaram a estar condicionadas. António Gancho, taxista, não percebe como vai trabalhar. "Nem sei se poderemos circular por aqui, quanto mais conduzir as pessoas das delegações", diz. Se por acaso Barack Obama lhe entrasse pelo taxi dentro, aí já saberia o que fazer. "Levava-o ao castelo de São Jorge, pois lá na América não há castelos, e depois a uma tasca, comer um cozido à portuguesa e um bom vinho tinto", atira, a rir.
Também Gina Aguiar e Maria Amaral, ambas reformadas, gostariam de ver o presidente dos EUA. Se a oportunidade surgisse, até perdoariam os condicionamentos de circulação no Parque das Nações, que as impedem de dar o habitual passeio junto ao rio. "Se ele me desse um beijinho, até gostava e esquecia esta confusão toda", admite Gina, para escutar a amiga: "Isto é muito bom para o nosso país. Somos pequeninos, mas fazemos coisas grandes".
"Avó, avó, tantos polícias! Quem é que vão prender?". A pergunta do pequeno Diogo, de 5 anos, fez sorrir a avó Dulce, que pacientemente lhe explicou que ninguém ia preso. "Então, por que é que estão aqui tantos polícias?", insistia a criança, sem perceber as explicações. Só uma informação a serenou. "Na sexta- feira, a escolinha vai fechar e ficas comigo em casa", disse a avó. Resposta pronta: "Ah, então é porque vão prender a professora!"