O presidente da República escusou esta terça-feira a pronunciar-se sobre medidas concretas do programa do Governo, mas sublinhou que os portugueses não podem ter ilusões porque Portugal chegou a uma "situação explosiva" e insistiu na "distribuição justa" dos sacrifícios.
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"Já tive ocasião de dizer e tem sido muito repetido que têm sido tempos muito difíceis e não tenhamos ilusões, e os portugueses sabem bem disso, e se bem se recordam há talvez mais de dois anos que disse que Portugal se aproximava de uma situação explosiva, lamentavelmente chegámos a essa situação explosiva", afirmou esta tarde o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
Escusando-se a comentar as medidas de austeridades defendidas pelo Governo e a antecipação da sua implementação, porque "essa é uma matéria de discussão da Assembleia da República", Cavaco Silva reconheceu que será "preciso muito trabalho".
"Não podemos ter ilusões de que temos uma estrada fácil à nossa frente, basta olhar para outros países para termos bem a consciência de que vamos passar por sacrifícios, não serão talvez fáceis, mas o importante é que haja uma luz de esperança", insistiu.
Ainda assim, Cavaco Silva, insistiu que a situação portuguesa "não é comparável" à da Grécia, sublinhando que Portugal está "muito melhor".
Questionado se teme que Portugal possa a vir enfrentar uma situação semelhante à que a Grécia está a atravessar, o chefe de Estado disse esperar que não, voltando a afirmar que não são realidades comparáveis.
"A situação portuguesa não é comparável à situação da Grécia: é muito, muito melhor", afirmou Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas no final da sessão de encerramento do 8º Encontro Nacional Inovação COTEC, que decorreu em Lisboa.
Desde logo, frisou, a situação não é comparável a nível político.
"Mas, também do ponto de vista de outros aspectos, a situação portuguesa é melhor", acrescentou.
Antes, o Presidente da República já tinha lembrando que o acordo de assistência financeira que Portugal assinou com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional teve o apoio das três maiores forças políticas portuguesas.
"Isso é um ativo muito importante que Portugal pode apresentar nas instituições internacionais, nos mercados internacionais e isto é qualquer coisa único que nos distingue de outros países", disse.
Ou seja, "mais de 80% dos deputados no Parlamento que estão associados a forças políticas que assinaram de alguma forma o acordo de assistência financeira, concretizou o chefe de Estado.