<p>Em Julho, foi criada em Belém uma nova Direcção de Serviços de Informática, cujo director foi chefe da Rede Informática do Governo de Barroso. Mas José Seruya foi recrutado pela Secretaria-Geral que não é escolhida por Cavaco. </p>
Corpo do artigo
A Presidência da República criou este Verão, durante o mês de Julho, uma "Direcção de Serviços de Informática"dependente da Secretaria-geral que até aí não existia. Como só havia um núcleo informático, "tratou-se de uma necessidade normal decorrente das necessidades actuais", soube o JN junto de Belém.
A mesma fonte garantiu que este novo departamento não foi criado por razões de segurança, ou para assegurar uma maior confidencialidade à correspondência electrónica devido a suspeitas de qualquer interferência exterior.
O decreto foi aprovado em Conselho de Ministros, Abril, promulgado em Maio e publicado em Diário da República a 2 de Junho.
O diploma justifica que "tendo em conta as necessidades operacionais dos serviços da Presidência da República" é criada "uma nova unidade orgânica incumbida do planeamento e da coordenação das actividades relacionadas com a gestão dos sistemas e tecnologias de informação".
O Governo considera por isso que se Cavaco Silva tem motivos para desconfiar da vulnerabilidade dos sistema informático da Presidência, deve esclarecer essas dúvidas com os responsáveis desse serviço.
Até porque o escolhido para foi chefiar a referida Direcção de Serviços de Informática foi José Luís Machado Seruya, ex-director do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER) no Governo de coligação PSD/CDS-PP, entre 2002 e 2005.
Esta direcção da Presidência do Conselho de Ministros esteve sob tutela do ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento e passou em 2004, com a passagem da chefia do Governo para Santana Lopes, ficou na dependência do secretário de Estado, Domingos Jerónimo.
Quando o PS ganhou as eleições, José Luís Seruya foi substituído como director do CEGER por Alexandre Caldas, ficando este técnico superior em comissão de serviço como consultor do CEGER, até ser requisitado pelo Palácio de Belém cujo despacho de nomeação data de 6 de Julho.
Está desde os anos 80 ligado à computação, tendo trabalhado como analista-programador na UNICRE. Consta na lista do CEGER, de Janeiro de 2009 como prestando apoio técnico na gestão de projectos e como gestor do Portal do Governo.
Na guerra aberta entre Belém e São Bento, o Executivo tenta passar a ideia de que foi Cavaco Silva quem escolheu o responsável informático da Presidência, pelo que não se pode queixar de fugas ou de vigilância aos seus serviços.
Belém riposta que a Direcção de Serviços de Informática é uma direcção dependente da secretaria-geral, "um órgão permanente" em que o Presidente cujo pessoal não é escolhido pelo Presidente.
Além de que o director José Luís Seruya foi recrutado pela Secretaria-geral, não tendo sido uma escolha pessoal de Cavaco nem sendo alguém da confiança absoluta do Presidente.