<p>A chanceler alemã, Angela Merkel, destacou, sexta-feira, em Lisboa que o diálogo franco da NATO com a Rússia, que inclui o escudo antimíssil, é uma "prova de que a guerra fria, de facto, já acabou".</p>
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"O facto de estarmos a dialogar com a Rússia sobre a avaliação de risco e também sobre a possibilidade de vir a trabalhar em conjunto no sistema antimíssil é um passo essencial que vem demonstrar que a guerra fria de facto já acabou", afirmou Angela Merkel em Lisboa.
Numa declaração aos jornalistas alemães presentes na cimeira, à qual a agência Lusa teve acesso, a chanceler da Alemanha lembrou que a NATO é uma "aliança baseada em valores comuns", mas que também "está disposta a colaborar com a UE e com a Rússia".
"Temos de encontrar respostas em conjunto contra os novos desafios, e isso traduz-se no sistema antimíssil, porque há uma avaliação conjunta de que o nosso território se encontra ameaçado", sustentou.
Ter a Russia incluída nas discussões relativas à instalação de um sistema de defesa antimíssil na Europa é, destacou Merkel, um "passo essencial" para suster essas ameaças externas.
"Se hoje existe esta possibilidade de termos este diálogo com a Rússia, isto deve-se em muito aos esforços desenvolvidos pelo Presidente Barack Obama, que negociou o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START) com Moscovo", lembrou a chanceler alemã.
É por isso que "desejamos muito que esse tratado seja ratificado no congresso norte-americano", um passo que será "essencial para podermos avançar em conjunto nas tarefas futuras", acrescentou Merkel.
No entender de Angela Merkel, o novo Conceito Estratégico da NATO aprovado hoje na cimeira de Lisboa é "claro, directo" e demonstra que todos os parceiros da Aliança trabalham "sobre o mesmo fundamento".
De acordo com a chanceler alemã, este novo conceito, válido para os próximos 10 anos, vai permitir à Aliança "dar o passo rumo ao século XXI", uma vez que nele "podem ser encontradas todas as respostas para os desafios que a NATO enfrenta".
"Estamos de acordo com o novo conceito e com as formulações necessárias para o comunicado final, ou seja, não há qualquer diferendo entre a França e Alemanha", garantiu.
Para Merkel, "não há qualquer contradição entre o sistema antimíssil e a questão do desarmamento", que são "duas coisas que devem ser feitas".
"Temos o escudo, que para nós significa uma resposta contra novas ameaças, mas naturalmente também queremos dar continuidade à ideia do desarmamento, que deve ser baseado na reciprocidade", concluiu.