A crise económica vai acabar por reflectir-se no nível de saúde da população, fruto das privações a que o período de contenção pode obrigar.
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O alerta foi lançado ontem, quinta-feira, pela ministra da Saúde, no Congresso Nacional de Saúde Pública, no Porto, onde pediu aos profissionais das unidades de saúde pública para acompanhar e identificar necessidades. Devem ser um "observatório" para "fornecer informação técnica" que ajude a "minorar o impacto das dificuldades económicas na saúde".
Ana Jorge anunciou o reforço da formação numa área que tem sido desprezada na escolha de uma carreira. E pouco mais. "Os tempos não vão de promessas." Nem de esclarecimentos. A ministra furtou-se a comentar a derrapagem de 500 milhões na Saúde anteontem admitida pelo ministro das Finanças. Reserva explicações para a Comissão Parlamentar de Saúde e Finanças que debaterá o Orçamento do Estado.
O silêncio da ministra em torno de dinheiros deixaria sem resposta algumas das tiradas lançadas ao longo do congresso. A promoção da saúde pública é, essencialmente, a prevenção. Ora, apenas 3% dos orçamentos europeus de saúde são dedicados à prevenção. "É muito pouco, os governos não investem porque a prevenção não tem resultados imediatos", lamentou o director-geral da Saúde, Francisco George.
Pouco depois, caberia ao recém-nomeado presidente da Autoridade do Medicamento questionar retoricamente o facto de a Saúde ser um dos poucos - se não o único - sector em que Portugal tem dos melhores indicadores mundiais e, "interessante", ser aquele que é alvo dos "mais violentos ataques na discussão do Orçamento do Estado".
Hoje, sexta-feira, o congresso organizado pela Direcção-Geral da Saúde deverá aprovar uma moção com as doenças crónicas em que se pretende fazer prevenção. Na lista falta a doença renal crónica, lamentou já a Associação Portuguesa de Insuficientes Renais.