O diretor da TSF, Paulo Baldaia, afirmou hoje, terça-feira, no Parlamento que nunca foi alvo de interferências quer do Governo quer da administração da Controlinveste, grupo que detém a rádio.
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"Eu não falo com o primeiro ministro senão para correções formais. Já conversei com ele de coisas que o desagradam. Quando há imprecisão de factos, falamos", disse Paulo Baldaia aos deputados da comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República.
O director da rádio reiterou que "pressões sempre existiram e compete a todos os jornalistas não cederem".
Em relação à administração da Controlinveste, Baldaia referiu que o presidente do grupo, Joaquim Oliveira, "sabe que o maior crédito que pode dar às empresas é dar-lhes total liberdade editorial".
"Nunca falámos sobre a informação que produzimos na TSF", referiu.
Baldaia nega convite para a a TVI
Paulo Baldaia garantiu no Parlamento que nunca esteve para ir para a TVI, como foi referido numa notícia do Sol que reproduziu uma conversa entre administradores da PT.
"Sobre a notícia do Sol, em que um administrador da PT referia o meu nome como escolhido para ir para a TVI, tenho a dizer que nunca na vida estive para ser director da TVI", afirmou Paulo Baldaia na comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura.
No início de Fevereiro, o semanário Sol publicou uma notícia sobre um alegado plano do Governo para controlar a comunicação social nomeadamente através da compra da TVI pela Portugal Telecom, na qual reproduziu uma conversa entre o ex-administrador da PT Rui Pedro Soares e o assessor jurídico Paulo Penedos.
Segundo a notícia, os dois ex-responsáveis da PT discutiram quem ficaria à frente da TVI e da Media Capital, tendo Rui Pedro Soares terá adiantado que Paulo Baldaia já estava escolhido enquanto Paulo Penedos afirmava ser uma escolha "inatacável" até porque o jornalista "é dado como próximo do Tó-Zé" [antigo secretário de Estado do Governo de António Guterres, António José Seguro, de que quem Baldaia foi assessor de imprensa].
Paulo Baldaia desmentiu a notícia, num e-mail interno divulgado na rádio, garantindo que nunca esteve para ir para a TVI e assegurando que iria avançar com um processo judicial.
"Já cá esteve esse administrador [Rui Pedro Soares], podiam ter-lhe perguntado a ele", adiantou o director da TSF aos deputados.
Considerando que "o exercício da liberdade de expressão em Portugal não está em causa", Paulo Baldaia admitiu que todos os jornalistas sofrem pressões.
"As pressões existem desde sempre. Tem é que se saber se são legítimas ou ilegítimas. Eu acho que é ilegítima qualquer pressão que contenha uma ameaça", disse, acrescentando que hoje é mais difícil exercer a profissão.
"Comecei há 20 e tal anos e hoje é mais difícil porque as redacções mais pequenas e os jornalistas mais mal pagos, não faz com que percam isenção, mas a motivação não é a mesma", afirmou.
Para o director da TSF, a melhor maneira de garantir a isenção dos órgãos de comunicação social é a "auto-regulação", nomeadamente através da existência de conselhos de redacção.
"Na TSF temos um conselho de redacção que reúne mensalmente com o director de informação e coloca todas as perguntas. Na verdade, todas as perguntas que [os deputados] me colocam, já me foram colocadas no conselho de redacção", concluiu.