O ainda presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considerou esta terça-feira que deixa o cargo com a União Europeia mais forte e melhor preparado para fazer face a novas crises.
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Num discurso otimista perante o Parlamento Europeu, Durão Barroso fez o balanço do seu segundo mandato na sessão plenária, em Estrasburgo, naquele que foi um dos últimos discursos enquanto chefe do executivo comunitário e que terminou com Barroso precisamente a despedir-se em várias línguas: "Auf Wiedersehen, goodbye, au revoir, adeus".
Segundo Barroso, quando a crise eclodiu, a União Europeia e a zona euro não tinham instrumentos para ajudar os países, mas conseguiram criá-los entretanto, o que demonstra a capacidade de atuar, apesar do momento conturbado.
"Criámos um novo sistema de governação, foram dados poderes sem precedentes às instituições. A Comissão tem hoje mais poderes em termos governação do que antes, o Banco Central Europeu tem a supervisão dos bancos da zona euro", disse, considerando que isso seria quase impensável há cinco anos, quando assumiu o segundo mandato como presidente da Comissão Europeia.
Para reforçar esta ideia, Barroso recordou um episódio ocorrido após uma entrevista em que falou da necessidade de criar a União Bancária. "Recebi telefonemas de algumas capitais a perguntar porque falei disso se não estava nos tratados", afirmou.
Para Durão Barroso, esses progressos mostram como a Europa se soube adaptar e, garantiu, hoje está melhor preparada "do que antes para fazer face a crises". Aliás, confirmou, um dos trunfos foi ter conseguido fugir ao presságio de analistas que antecipavam a desintegração da Europa e a implosão da moeda única.
"Claro que ainda há muitas dificuldades, sim, mas não se esqueçam onde estivemos. Estivemos perto da bancarrota em alguns Estados-membros", disse Barroso perante os eurodeputados, num discurso que evitou temas como o problema do desemprego.
Sobre os desafios que agora se colocam, Barroso falou do crescimento, considerando que para isso é necessário reformas estruturais "mais ambiciosas" e investimento público e privado. Mas também disse que já antes da crise se falava em problemas de crescimento e de competitividade.
Neste discurso, Barroso voltou ainda 10 anos atrás para lembrar que, quando chegou pela primeira vez à Comissão Europeia, a União Europeia tinha 15 Estados-membros e que hoje são 28, o que considerou que mostra a "resiliência e força" do projeto europeu.
O ainda presidente da Comissão Europeia elegeu também o recebimento do Prémio Nobel da Paz em nome da União Europeia -- juntamente com os presidentes do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu -- como o momento mais emocionante destes 10 anos.
A Comissão Europeia liderada por Jean-Claude Juncker, que substituirá a 'Comissão Barroso', deverá assumir funções a 1 de novembro. Esta quarta-feira, os eurodeputados votam o novo colégio de comissários.