Primeiro-ministro afirmou no Parlamento que o Governo está disponível para "melhorar e aperfeiçoar" a avaliação dos professores. FNE diz que o discurso tem contradições.
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A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) espera reunir já na próxima semana com a ministra da Educação, Isabel Alçada, com vista ao início de um processo de revisão do estatuto da carreira docente.
"Iremos colocar logo à cabeça um processo de revisão do estatuto para que, entre outros objectivos, seja alcançado o fim da divisão da carreira docente e a substituição deste modelo de avaliação por um que efectivamente seja sério e justo", disse à Agência Lusa o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, após a primeira intervenção de José Sócrates no Parlamento sobre a Educação.
"Ficamos satisfeitos por o senhor primeiro-ministro ter dito na Assembleia da República que iríamos ter um modelo de avaliação sério e justo porque então significa que este vai ser finalmente suspenso e alterado", declarou.
A Fenprof sempre considerou o actual modelo desprovido de justiça e seriedade, disse, sublinhando que criou nas escolas um clima de instabilidade, perturbação e conflito.
"O que a Fenprof tem defendido é um modelo sério, rigoroso, claro, mas justo. Esperamos que isso signifique o fim desse modelo de avaliação também assumido pelo Governo, uma vez que penso que seu fim está já anunciado pelas posições dos partidos políticos da oposição", considerou.
"Relativamente à posição do senhor primeiro-ministro de não ajustar contas com o passado nas negociações que aí vêm, também é o que nós queremos", afirmou.
FNE diz que há contradição no discurso de Sócrates
A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) registou "positivamente" o anúncio do primeiro-ministro de que serão iniciadas de imediato negociações com os sindicatos de professores sobre a avaliação, mas lamentou a insistência no programa do Governo.
"Registamos positivamente que o senhor primeiro-ministro tenha anunciado que a senhora ministra vai iniciar de imediato um processo de negociações com os sindicatos relativamente às matérias mais urgentes", disse à Agência Lusa o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva.
João Dias da Silva partilha também dos pressupostos definidos por José Sócrates, segundo o qual a avaliação deve ser rigorosa, séria e justa.
"Do que discordamos é que não poderá sair daquilo que está no programa do Governo, o que significa uma contradição entre as primeiras declarações e esta última afirmação" do primeiro-ministro, afirmou o responsável da FNE.