Francisco Louçã invoca presidente do TC para defender mais taxas sobre capital
O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, invocou, no domingo, o presidente do Tribunal Constitucional, que aconselhou um aumento das taxas sobre o capital, mas avisou que o Governo está a preparar mais impostos sobre o trabalho.
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"É altura de dizer, como disse o presidente do Tribunal Constitucional, não nos esquecemos de quem nos trouxe a esta crise, não nos esquecemos da ganância, dos juros e da dívida", disse Louçã, domingo à noite, num comício em Olhão, Algarve.
Em entrevista à Antena 1, que foi para o ar no sábado, o presidente do Tribunal Constitucional, Rui Moura Ramos, sugeriu que se taxe não apenas os rendimentos do trabalho, mas também os do capital.
O dirigente bloquista criticou a desvalorização que Passos Coelho fez das palavras de Rui Moura Santos, ao considerar que elas só podiam ser explicadas pelo facto de o juiz estar em fim de mandato "e não se deve levar em conta o que ele diz"."Pois eu acho que se devem levar a sério os problemas sérios", respondeu Louçã.
Exortando os portugueses à revolta, o coordenador do Bloco de Esquerda alertou que, "se Portugal se mantém silencioso, vai ser sempre pior, pois o que o Governo nos está a dizer é que vai haver novos impostos no próximo ano".
Segundo o líder bloquista, "não vai passar um fim de semana" antes que o Governo anuncie novos impostos sobre o trabalho, porque "não há nenhuma solução que este Governo encontre que não seja ir aos salários e às pensões".
Nesse sentido, Francisco Louçã dirigiu uma pergunta direta a Passos Coelho: "Quantos salários e quantas pensões mais vão ser precisos para pagar os juros de uma dívida que está sempre a aumentar e financiar um sistema financeiro que se vira sempre contra nós?".
Antecipando a resposta, salientou que, de acordo com o próprio Governo, "quanto pior, maior a dívida", pois "vão ser mais pequenos os salários, vai ser maior a dívida; vão aumentar os juros, vai ser maior a dívida; vão diminuir as pensões, vai ser maior a dívida".
Louçã destacou a greve dos médicos como "um facto extraordinário" que não acontecia há mais de 20 anos, sublinhando que os clínicos aderentes "perderam dois dias de trabalho para defenderem a qualidade da saúde em Portugal".
Criticou as palavras de Paulo Portas, que considerou "injusto" querer que o setor privado tenha a mesma responsabilidade que o público de ajudar o país, ironizando que "a culpa não é dos bancos que espatifaram o dinheiro e o Estado está lá a pôr o dinheiro dos nossos impostos", mas sim "do trabalhador do centro de saúde, ou da professora ou de quem defende um serviço igual para todos".
Antes de Louçã, usou da palavra a deputada Cecília Honório, eleita pelo círculo de Faro, que acusou o Governo de ter abandonado o Algarve e observou que os membros do Governo não visitam a região.