<p>Para Manuel Alegre, o gesto infeliz de Pinho ofuscou o debate que até estava a correr bem a Sócrates. Os politólogos apontam nervosismo do Governo e o caso ter acentuado a má imagem que os cidadãos, em geral, têm dos actores políticos </p>
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O gesto do ministro da Economia que levou à sua de demissão a três meses de eleições legislativas "não pode ter consequências positivas para o partido do Governo". Para o catedrático em Filosofia Social e Política, Viriato Soromenho Marques, o episódio é também " um sinal da entropia, da desorganização e do nervosismo" de um governante, numa altura em que o Executivo deveria dar sinais de confiança num bom resultado nas eleições de Setembro.
"Quando se questiona se o resultado das eleições europeias foi uma singularidade ou o início de um novo ciclo político, o Governo também faz esse exercício e deveria cerrar fileiras e mostrar confiança em relação às eleições".
Trata-se de um "rombo importante" porque "a pasta conta com alguns sucessos como a aposta nas energias renováveis", realça, alertando que "cenas desagradáveis destas só contribuem para o maior descrédito da política".
Também Pedro Adão e Silva afirma que "o efeito penalizador é tanto para o Governo como para a Oposição pois consolida a má imagem que os cidadãos têm dos actores políticos".
Nefasto foi o efeito imediato. Para o sociólogo do PS, o episódio "ofuscou o debate que não estava a correr mal ao Governo", deixando a imagem de que Sócrates perdeu os dois últimos debates desta legislatura.
Manuel Alegre também ficou com essa noção. "Foi pena porque o debate estava a correr bem ao primeiro-ministro". Consequências políticas não as vislumbra, ressalvando: "Só o tempo dirá". Para o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, a denissão de Pinho não acarreta consequências, questionando mesmo se o país precisa de um ministro da Economia.
A favor de José Sócrates jogou a rapidez de decisão, assinala, por seu turno, o economista Nogueira Leite, para quem "numa fase de pré-campanha, em que já há tanto assunto e tanta turbulência, este é um episódio que será relevado pela opinião pública".
Já Manuel Meirinho, do ISCSP, considera que o minsitro cessante "acabou a carreira política", em contraste com o seu substituto, Teixeira dos Santos, que, elogiado, acumula a Economia e Finanças, como no passado Pina Moura e Sócrates, que tutelou o Ambiente e o Planeamento quando Ferro Rodrigues passou a líder do PS.