Jardim reconhece que plano de assistência financeira vai ser duro para a região
O presidente do Governo Regional da Madeira reconheceu esta sexta-feira que o plano de assistência financeira para a região "vai ser duro", mas negou o aumento de impostos e despedimentos na administração pública.
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"Vai ser duro, e vai ser aqui e no Continente", disse Alberto João Jardim numa entrevista gravada, emitida esta noite no Jornal das 8 da TVI, ocasião em que rejeitou, de novo, que sobre os madeirenses recaiam dois planos de resgate.
Alberto João Jardim explicou que "o princípio de acordo é muito simples e está dentro dos cânones que são justos", com o Estado a ser responsável pelas suas dívidas e a Madeira pelas suas.
"Os empréstimos feitos para o Estado vão ser feitos nos mesmos termos para a Região Autónoma da Madeira", declarou, adiantando que o arquipélago "vai pagar as mesmas taxas de juro que o Estado vai pagar para poder ter liquidez durante o mesmo tempo".
O chefe do Executivo madeirense adiantou que, "dentro do que vai ser ajustado no plano financeiro, as formas de arranjar receita e as despesas que se vão cortando" é matéria da região autónoma.
Alberto João Jardim, que falava sobre o encontro que manteve com o primeiro-ministro esta semana, esclareceu ainda que o Governo de Lisboa "iniciou um esforço no sentido de a zona franca da Madeira ir por diante".
Se a zona franca acabasse, disse, "era não só péssimo para a Madeira, como era péssimo para todos os portugueses", defendeu, referindo que se prevê um encaixe de 140 milhões de euros de IRC em 2012 na praça financeira.
Desvalorizando a ausência de convite a Passos Coelho para a cerimónia de tomada de posse do Executivo madeirense, feita perante a Assembleia Legislativa e na presença do Representante da República, Alberto João Jardim afiançou que o ambiente de negociação do plano de ajustamento "tem sido cordial".
A propósito da decisão do Governo de que as verbas do corte de 50 por cento do subsídio de Natal não revertem para os cofres da região, assunto do qual Alberto João Jardim aguarda a decisão do Tribunal Constitucional, sublinhou: "Se eu estou a negociar, eu não me vou agarrar a um pormenor para comprometer uma boa negociação".
Questionado sobre se vai aumentar impostos no arquipélago, Alberto João Jardim negou tal possibilidade, assim como os despedimentos na administração pública ou reduções salariais adicionais, referindo, contudo, que as privatizações vão avançar, "a começar pelos transportes".
À pergunta sobre como vai conseguir contribuir para o esforço nacional, o presidente do Governo Regional garantiu que vai fazer menos obras.
"Não sacrifico salários para fazer obras", afiançou, acrescentando que em 33 anos de governação nunca teve um ano fácil: "Mas agora vamos ver, daqui a quatro anos, quem é que geriu melhor as dificuldades, se é o de cá ou se é o de lá".
O também líder do PSD/Madeira afirmou não se sentir sozinho politicamente, reconhecendo erros na governação do arquipélago, mas não "erros de fundo".
Alberto João Jardim assegurou, ainda, que vai levar o mandato até ao fim, "se Deus me der vida e saúde e se o Parlamento soberano da Madeira assim o entender".
Sobre uma eventual recandidatura, respondeu: "Eu agora já não digo nada. Das outras vezes fui dizendo sempre que não me recandidatava e recandidatei-me. Portanto, agora não digo nada que é para não me poder recandidatar".