Jerónimo de Sousa acusa Governo de querer alterar correlação de forças entre patrões e trabalhadores
O secretário-geral do PCP acusou esta quarta-feira o governo PSD/CDS de querer promover uma alteração da correlação de forças entre patrões e trabalhadores, através de nova legislação laboral que irá permitir um aumento da exploração.
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"Procuram de facto esta alteração da correlação de forças, alterando a legislação laboral, particularmente no plano dos direitos individuais, mas também no plano dos direitos colectivos", disse Jerónimo de Sousa, depois de criticar o ministro de Economia por ter dito que estas alterações são um sinal de modernidade.
"É chocante ouvir um ministro da Economia dizer que a alteração à legislação é uma questão de modernidade. Então, nós não nos lembramos dos sucessivos pacotes laborais que continham, no essencial, aquilo que hoje está em cima da mesa, que visava um retrocesso nas relações de trabalho em desfavor dos trabalhadores", acrescentou.
Jerónimo de Sousa falava no final de uma audição pública "Contra o alargamento do horário e o trabalho forçado, pelo trabalho com direitos", depois de ouvir diversos elementos de organizações de trabalhadores da região de Setúbal.
No encontro, que decorreu na Biblioteca Municipal e em que participaram dezenas de sindicalistas e apoiantes do PCP, Jerónimo de Sousa afirmou que tem havido uma estratégia para dividir os trabalhadores através de sucessivas "inevitabilidades anunciadas nos meios de comunicação social dominantes".
Segundo Jerónimo de Sousa, essa estratégia passa por "dividir as novas gerações dos trabalhadores mais velhos, dividir trabalhadores do sector público e do sector privado, dividir trabalhadores com vínculo efectivo e com vínculo precário".
Mas, para o dirigente do PCP, "há um factor determinante que é a unidade dos trabalhadores. Quando os trabalhadores ganharem consciência da natureza desta política, juntos, unidos e em luta, são capazes de destruir impérios, quanto mais estes governos de circunstância, de conjuntura", disse.
No encontro, Jerónimo de Sousa ouviu testemunhos de representantes sindicais e trabalhadores, que alertaram para a degradação das condições de trabalho, incluindo uma trabalhadora que presta serviço no hospital de Setúbal e que se queixou de ter um "horário de trabalho de 12 horas".
A mesma trabalhadora advertiu para o risco de despedimento de alguns contratados a prazo, caso seja aprovada a meia hora de trabalho adicional para o sector privado.
No final do encontro, Jerónimo de Sousa apelou ao esclarecimento e à mobilização de todos os trabalhadores contra as políticas do Governo e a uma grande participação na manifestação da CGTP marcada para o mês de Fevereiro.