O coordenador do Bloco de Esquerda apelou, esta segunda-feira, para a união dos partidos da oposição em torno da moção de censura ao Governo admitida pelo BE e adiantou que estão já agendadas conversas com os líderes da oposição.
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"Durante esta semana vamos ver o que o Governo vai fazer. Vamos conversar e não vamos desistir, não vamos baixar os braços. Conversarei com os dirigentes dos partidos da oposição para insistir na obrigação que o país nos deu para que no parlamento se faça ouvir aquele milhão de pessoas que censuraram o Governo e a 'troika'", disse o líder do BE, Francisco Louçã, aos jornalistas, esta manhã, depois de uma viagem pela Linha Verde do Metropolitano de Lisboa, para mostrar os constrangimentos provocados com a redução das composições para apenas três carruagens.
Apesar de o Partido Socialista (PS) já ter adiantado que deixa cair a ideia de avançar com uma moção de censura ao Governo, depois de o executivo de Passos Coelho ter aceitado propor alternativas às alterações das contribuições para a Taxa Social Única (TSU), Louçã insistiu que "é preciso não desistir e não baixar os braços" e que é preciso levar ao parlamento a censura ao Governo que um milhão de pessoas demonstrou nas ruas.
"Face às primeiras respostas do PCP e do PS, o que tenho a dizer é que é preciso conversar mais. Na nossa opinião continua a fazer sentido a moção de censura. Se a política do Governo é aumentar o desemprego, tirar os salários, aumentar os impostos, ainda mais os que prometeram que não aumentavam os impostos, aquilo que o povo disse na rua tem que chegar ao parlamento e a força da oposição é ser coerente. E é por isso que o BE quis convidar todos à coerência e à resposta às dificuldades do país", sublinhou o líder bloquista.
Questionado sobre as suas expectativas relativamente à reunião de Concertação Social, que teve início esta manhã, Louçã afirmou que o que o Governo está a preparar "é um colossal ataque ao salário" e que se prepara para pedir aos trabalhadores que paguem "a incompetência e ineficiência orçamental e a destruição da economia que tem vindo a ser provocada".
"O Governo está viciado em cortes nos salários, está drogado em ataques aos reformados e pensa que a única coisa que se pode fazer na economia portuguesa é retirar salários e reformas. Isso só provocou crise", defendeu.
Francisco Louçã sublinhou que a alternativa é "seriedade na economia", e que é essa a razão que deveria unir a oposição numa moção de censura. Para o coordenador do BE é tempo de "passar das palavras aos atos e de assumir responsabilidades".
"Queremos juntar e não perder tempo. Não estamos dispostos a virar as costas ao país, nenhum calculismo político nem nenhuma ideia que é preciso esperar que quanto pior melhor. Isto já está tão mau quanto podia estar", concluiu.