O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, considerou existir "um buraco colossal de explicação" do Governo relativamente ao contributo do corte na despesa pública para o saneamento das contas do Estado.
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"Há um ano e meio o PSD anunciou aqui "urbi et orbi" que sabia tudo sobre como cortar na despesa, rubrica a rubrica (...) o buraco inteiro estava resolvido há um ano e meio pelo PSD. Nem um milímetro se mexeu a este respeito, a não ser o subsídio de Natal. E há aqui um buraco colossal de explicação", disse Francisco Louçã, no debate quinzenal com o Governo na Assembleia da República.
Para o líder do BE, até agora existiu apenas "um colossal aumento de impostos"."Não é um esforço colossal, é uma desigualdade colossal", enfatizou.
Em resposta, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assegurou que o Governo não vai receber "um tostão" da sobretaxa extraordinária pedida aos portugueses no início do mandato do Executivo sem antes ter mostrado capacidade de reduzir também os gastos do Estado.
"Quando no início dissemos que no final deste ano também precisaríamos de uma receita extraordinária (...) quisemos dizer à câmara e ao país com antecedência e com lealdade aquilo com que os portugueses podiam contar. Mas não vamos receber um tostão dessa receita antes de termos mostrado que também conseguimos reduzir a despesa", declarou.
De resto, prosseguiu, só será possível no final do ano atingir o objectivo de 5,9% para o défice público "se o Governo for capaz, com todas as administrações ,de acomodar mais de mil milhões de despesa".
Francisco Louçã questionou ainda Passos Coelho sobre o inquérito pedido pelo Governo às recentes notícias sobre alegadas fugas de informação para uma empresa privada por parte de um director das "secretas".
"O Governo solicitou ao secretário-geral dos Serviços de Informação que abrisse um inquérito para determinar o que possa ter ocorrido (...) O senhor secretário-geral sabe que esta matéria é urgente e eu espero ter tão brevemente quanto possível resposta a essa sua questão (...). Trarei imediatamente ao Parlamento o resultado desse inquérito assim que me for entregue", assegurou Passos Coelho.