O ex-candidato presidencial Manuel Alegre anunciou aos seus apoiantes que não integrará as listas de candidatos a deputados do PS nas próximas legislativas apesar de continuar militante do partido.
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Manuel Alegre afirmou, em conferência de imprensa, que não aceitou integrar as listas de candidatos a deputados do PS nas próximas legislativas por divergências políticas com a actual linha do partido.
"Obviamente que há divergências", mas "não seria digno dos combates que travei impor condições e exigências a quem quer que seja. Entendi que a grande exigência era comigo mesmo e que, nestas condições, não poderia ser candidato a deputado", justificou Manuel Alegre.
As palavras de Manuel Alegre foram proferidas no final do encontro com os seus apoiantes.
No início da sua declaração, Manuel Alegre referiu-se aos "três nãos" da sua decisão: não sair do PS, não formar novo partido e não integrar as listas de deputados.
"Não sairei do PS", porque "ajudei a fazer este partido, a sua história é parte da minha história. Posso não concordar com práticas políticas, mas reconheço-me nos valores princípios do socialista do democrático", apontou, antes de apresentar os motivos que o levaram a não criar uma nova força política.
"Reconheço que há uma crise de confiança nos partidos, cujo monopólio está a esgotar-se, que há necessidade de renovar a vida política, cativar os jovens para a vida politica, assim como de preparar novas soluções para a esquerda e para a democracia. Mas isso é um processo inseparável do processo social, exige uma acção pedagógica, o reforço da cidadania e não se fará sem ou contra o espaço socialista", afirmou.
Em relação ao convite que José Sócrates lhe formulou para não integrar as listas de deputados, Alegre explicou as razões da sua recusa.
"Não seria digno impor condições ao secretário-geral do PS. Só faço exigências a mim mesmo e são essas exigências que me ditam a decisão de não me candidatar nas próximas eleições legislativas", apontou.
Neste contexto, Alegre frisou que "não há qualquer ruptura com o PS, não há abdicação nem retirada, há continuar sob outras formas o meu combate pela renovação da vida democrática, pela cidadania e pelo socialismo democrático".
Na conferência de imprensa, o vice-presidente da Assembleia da República teve ao seu lado João Correia e Faria e Costa, ambos do Movimento de Intervenção e Cidadania (MIC) e Carolina Titto de Morais e Nuno David (da corrente de Opinião Socialista (Ops!), assim como o general Alfredo Assunção.