A moção de estratégia global que o PSD-Madeira vai apresentar ao congresso nacional defende um partido livre de "interesses pessoais ou de grupos", considerando que "não pode ficar limitado à discussão das finanças públicas".
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"A devoção do PSD à causa pública não permite a sua permeabilização por interesses pessoais ou de grupos, mais vale bons militantes do que muitos militantes", lê-se na moção, aprovada, na quinta-feira, pela Comissão Política Regional do PSD-M, que aponta a necessidade de "forte unidade interna".
O documento, que tem no líder do PSD-M, Alberto João Jardim, o primeiro subscritor, sustenta que o partido "tem de defender o país e a si próprio dos grupos de pressão de qualquer natureza, seja esta qualquer for, sobretudo quando não atuam às claras e instrumentalizam ou possuem comunicação social".
"O mesmo se diga em relação aos lóbis corporativos, especialmente os que estão na máquina do Estado e restantes instituições públicas", refere a moção, de 43 páginas, dividida por sete capítulos, denominada "Por Novos Tempos".
No documento, os sociais-democratas madeirenses censuram o PSD por se assumir como "situacionista ante o sistema político-constitucional vigente" e apresentar-se como "mais um partido do sistema de prática politicamente correta", advertindo que atualmente "as mudanças impõem-se com rapidez", pelo que "não pode ficar limitado à discussão das finanças públicas".
Para a estrutura regional, o PSD deve recusar o "primado liberal de a solução residir no simples funcionamento dos mercados", propondo, antes, "o intervencionismo regulador do Estado e a não abdicação por este do controlo dos setores estratégicos, os quais muito menos devem ficar sob poder estrangeiro".
"Como partido social-democrata, de inspiração personalista, europeísta e de raiz social-cristã, o PSD português deve opor-se às marcas socialmente decadentes do relativismo pós-moderno, ao liberalismo, à fragilização anti-federal da União Europeia, à perda do Estado Social, ao nacionalismo, ao centralismo estatal, ao poder ilegítimo dos grupos de pressão, à estatização da Economia", refere o documento que dedica várias páginas às regiões, "nível territorial a reforçar".
Sobre a Madeira, a moção observa que, nas últimas eleições legislativas regionais, foi "utilizada como manobra de diversão para distrair dos gravíssimos problemas que afligem os portugueses", tendo sido nesta ocasião "vítima de um tratamento inaceitável".
Já no que respeita à dívida da região, o PSD-M, "usando o que o atual ministro das Finanças chama de critério geográfico", recorda que a região "tem 1,8 por cento do total da dívida portuguesa e, no entanto, é 2,5% de toda a população nacional", concluindo que, "apesar de o passivo madeirense, no seu global, ser uma gota no oceano que foi o descalabro português", a questão das contas da Madeira "serve às mil maravilhas para distrair o povo".
O PSD-M, que reafirma o projeto autonómico e a necessidade do Estado Social, entende que o país "ainda tem uma solução constitucional que é tecnicamente colonial", pelo que preconiza uma revisão constitucional "urgentemente", devendo o PSD a desencadear "logo que possível" com "consensos possíveis com outros partidos" se "confirmada a recusa do PS".