O economista Vítor Bento considera que os sacrifícios que estão a ser pedidos aos portugueses são inevitáveis porque Portugal chegou "ao fim da linha" e quem dá financiamento "exige condições".
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Vítor Bento, conselheiro de Estado do Presidente da República, discorda assim das declarações de Cavaco Silva que afirmou, esta quarta-feira, na abertura do congresso dos economistas, que "há limites para os sacrifícios" e que o Orçamento do Estado para 2012 tem "falta de equidade fiscal".
Em declarações aos jornalistas também no congresso dos economistas, Vítor Bento afirmou que "enquanto sociedade não há limites para o sacrifício porque se não tivermos disponibilidade de financiamento vamos ter mesmo de ajustar por baixo", acrescentando que "é uma inevitabilidade".
Na sua intervenção, o economista disse que a taxa real de câmbio "vai ter que ajustar para baixo via deflação"' acrescentando que vai demorar e será feito através do desemprego, porque "as pessoas regressarão ao emprego com salários mais baixos".
Esta manhã de quarta-feira, também no congresso dos Economistas, o presidente da República considerou que a suspensão dos subsídios de férias e de Natal da administração pública e dos pensionistas é "a violação de um princípio básico de equidade fiscal".
"Mudou o Governo, mas eu não mudei de opinião. Já o disse anteriormente e posso dizê-lo outra vez: é a violação de um princípio básico de equidade fiscal", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas à saída da sessão de abertura do IV Congresso Nacional dos Economistas, que decorre em Lisboa.
Questionado se entende que a proposta de suspensão em 2012 e 2013 do pagamento dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e pensionistas são um "ataque" a um grupo específico, o Presidente da República recordou a posição que assumiu quando o anterior Governo liderado por José Sócrates fez um corte nos vencimentos dos funcionários públicos.
"Não estou a dizer-vos nada de novo. Era a posição que já tinha quando o anterior Governo fez um corte nos vencimentos dos funcionários públicos, os livros ensinam-nos quais são os princípios básicos de equidade fiscal e é sabido por todos que estudam esses livros, que a regressão de vencimentos ou de pensões a grupos específicos é um imposto", sustentou, insistindo que não muda de opinião "por causa de ter mudado o Governo".