Portugal registou uma evolução "impressionante" nos resultados da avaliação de alunos, segundo um responsável da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos foi divulgado hoje, terça-feira, em Paris.
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Na apresentação do relatório, na sede da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), em Paris, os responsáveis pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) destacaram Portugal e a Polónia como os dois exemplos de que "políticas adequadas de educação são eficazes na luta contra o insucesso escolar".
Os especialistas da OCDE, que interpretaram as tendências principais das estatísticas fornecidas pelo relatório, afirmaram que "as políticas e reformas produziram os seus frutos, aumentando a pontuação média de países que estavam na base da tabela".
Mais perto da média
Portugal obteve uma classificação de 489 pontos, próxima da média da OCDE, que é de 493 no relatório de 2009.
"Portugal ocupava o fundo da tabela nos relatórios anteriores e desta vez aproximou-se da média dos países da OCDE, ultrapassando por exemplo a Espanha", afirmou Andreas Schleicher, director da Divisão de Indicadores e Análise da Direcção de Educação da OCDE, à Agência Lusa.
O PISA avalia os conhecimentos e aptidões dos alunos em Matemática, Leitura e Ciências. "O melhor resultado de Portugal no relatório de 2009, em relação ao de 2006, foi obtido na Matemática", explicou Andreas Schleicher.
"O que é mais interessante nos resultados de Portugal é que o salto foi conseguido sem sacrificar o equilíbrio dos diferentes níveis de alunos. Não houve declínio no topo para se conseguir a melhoria na base", resumiu o especialista da OCDE, em entrevista à Agência Lusa.
Andreas Schleicher refere que a melhoria de resultados "pode ser explicada em primeiro lugar pelas políticas seguidas nos últimos anos e por uma conjugação de factores como a avaliação de professores e um controlo sério da qualidade do ensino. Não se pode melhorar o que não se conhece", explica o responsável da OCDE.
Menos "chumbos"
O relatório PISA revela também que "diminuiu o peso das repetições, cujo nível continua alto em Portugal".
Portugal faz parte do grupo de países que no relatório PISA 2009 registaram melhorias significativas da sua nota geral, que inclui o Chile, Israel e Polónia.
Portugal está tanto entre os países com mais progressos na avaliação em Matemática (com México, Turquia e Grécia) como no grupo com um salto mais significativo em Ciências (Turquia, Coreia do Sul, Itália, Noruega, Estados Unidos e Polónia).
Privado e público sem diferenças
"A diferença entre as escolas melhores e as escolas piores diminuiu", salientou Andreas Schleicher, acrescentando que é também relevante no caso português que "a diferença (de resultados) entre escolas privadas e públicas não é muito grande".
Isso quer dizer talvez, refere Andreas Schleicher, que "a escolha entre público e privado e o mercado do ensino não são factores de melhoria da educação".
O responsável da OCDE frisou também que "as escolas privadas, após se corrigir a diferença sócioeconómica dos alunos, não têm por si só melhores resultados".
O PISA 2009 revela que "os melhores resultados são obtidos em geral pelas escolas mais autónomas, aquelas que têm mais responsabilidades e liberdade na condução da sua actividade".
Andreas Schleicher destacou, em geral, a importância das políticas educativas para combater o insucesso escolar, dando o exemplo das escolas de Xangai (China), onde "os directores das melhores escolas são incentivados a prosseguir carreira nas escolas mais difíceis. É uma política que está a ter resultados espectaculares, sem paralelo em qualquer outro país".
