<p>Outra maratona sobre questões fiscais que acabou em nada. O braço-de-ferro devido à recusa do Governo em efectuar "uma redução efectiva de impostos" passa agora para os dois líderes. Depois do fracasso com o CDS, Sócrates reúne amanhã com a líder do PSD.</p>
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Afinal, o acordo não estava tão burilado como se pensava e não houve um entendimento final entre CSD-PP e o Governo. As reuniões no Ministério das Finanças terminaram e agora o palco passa para a residência oficial do primeiro-ministro com conversas a dois entre Paulo Portas e José Sócrates.
Questões macroeconómicas e duas sectoriais - a redução do Pagamento Especial por Conta (PEC) e a restrição das regras de atribuição do Rendimento Social de Inserção (RSI) - foram os principais pomos da discórdia.
Apesar da "aproximação" que Luís Queiró mencionou no final da reunião de cinco horas ter sido alcançada neste quarto encontro com o Governo, as negociações esbarraram na exigência dos centristas em conhecer a estratégia do Governo para fomentar o crescimento económico.
A discussão sobre a forma de contrariar o endividamento, além da expectativa quanto ao défice dos anos mais próximos foram matérias em cima da mesa das 18.30 horas às 23.30 horas.
"Em breve o Governo terá de apresentar o Pacto de Estabilidade e Crescimento em Bruxelas e terá de revelar como pensa que a despesa vai evoluir", disse ao JN fonte próxima de Paulo Portas.
À chegada ao Terreiro do Paço, Luís Queiró confessou: "Não temos certezas quanto ao resultado final. É difícil. Há matérias que são, de facto, de trato e análise que não é simples".
E pelos vistos não o são mesmo, tanto que estas matérias requerem agora "a arbitragem" do líder do partido, Paulo Portas, e do chefe do Governo. Como se Teixeira dos Santos e os deputados não tivessem autoridade suficiente para decidir.
A verdade é que a repentina aproximação do PSD ao processo negocial do OE trouxe novos dados. Se só CDS for parceiro de viabilização do Orçamento do Estado (OE) ao lado do PS, os centristas têm de votar a favor e esse "voto" sairá "caro" a Sócrates.
Com a disponibilidade do PSD - Manuela Ferreira Leite reúne-se com o primeiro-ministro amanhã pelas 11 horas - a abstenção dos sociais-democratas basta para que o documento seja aprovado no Parlamento. Para o CDS, o Governo "irá arrepender-se" se não aliviar um pouco a carga fiscal, porque deixará de receber as contribuições sociais e pagará muito mais em subsídios de desemprego.