O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou este domingo, no Porto, que a crise portuguesa "não é culpa do senhor Sarkozy ou da senhora Merkel", apoiando os dois líderes europeus na defesa de um reforço da liderança económica europeia.
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"Quando os países são indisciplinados e colocam em risco outros, é natural que os que geriram bem as suas economias e emprestam dinheiro queiram receber garantias em como o que emprestam será bem utilizado. Esse governo económico que precisamos de construir na Europa é essencial para que a Europa possa ser solidária", sustentou o primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas.
O primeiro-ministro falava aos jornalistas, no final da sessão evocativa em memória de Francisco Sá Carneiro, no Porto.
Durante o discurso, Passos Coelho já tinha deixado claro que a culpa da crise portuguesa não é de Merkel ou Sarkozy, mas de quem conduziu Portugal até aqui.
"Era bom que, aqueles que contribuíram por acção ou omissão para esta dívida e esta ilusão, tivessem a humildade de reconhecer que a culpa do que se está a passar em Portugal não é do senhor Sarkozy, nem da senhora Merkel, nem da Europa. Foi de todos quantos prosseguiram um modelo de desenvolvimento que não era realista, nem ajustado nem justo", afirmou Passos Coelho.
Lembrando que, em 2012, o custo dos juros da ajuda externa a Portugal será de "nove mil milhões de euros", o governante destacou que "vergonha não é ter dívida quando alguma coisa corre mal", mas sim achar "que não é uma prioridade pagar" o que se deve.
"E ainda há quem pense que é preciso pôr a economia a crescer para o Estado gastar dinheiro. Isso não é aceitável. Bastava que tivéssemos metade da dívida que Portugal seria hoje um país mais justo", lamentou.
Passos Coelho sublinhou ainda que o que está no memorando da troika "não esgota" o que Portugal tem de fazer por si próprio.
"Andam para aí a dizer 'estes senhores são mais troikistas do que a troika, porque não fazem os serviços mínimos'. Mas o que andamos a fazer não é empurrados, é convencidos de que este é o caminho que teria de ser feito de qualquer forma", defendeu.