O presidente do PSD acusa o Governo de ter causado uma derrapagem "sem perdão" nas contas públicas deste ano e afirmou estar certo de que, "a seu tempo, pagará o preço" da "inconsciência" com que governou.
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Durante um jantar com militantes do PSD, em Almada, discursando perante cerca de 450 pessoas, Pedro Passos Coelho disse que este ano houve "uma derrapagem sobre as contas do Estado que não é tolerável".
Segundo o presidente do PSD, trata-se de "uma derrapagem que não tem desculpa nem perdão" e que colocou o défice real nos "8,5% ou 9%".
"Na prática, a verdade é que o esforço que o país vai ter de pagar é o de reduzir um défice, não de 7,3%, mas de 8,5% ou 9% para 4,6%. E devo dizer que este é o maior esforço que será enfrentado por qualquer país na Europa", apontou.
"E agora aparece com um conjunto de propostas feitas em cima do joelho, a maior parte delas cegas, que poderão conduzir a uma fortíssima recessão nos próximos anos - não é só em 2012, é nos próximos anos - e estar no limite daquilo que se considera ser a morte por excesso de cura", criticou, referindo-se à proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2011.
"O que o Governo encurralou foi o país, não foi o PSD. O que hoje o país sabe é que estamos na iminência da ruptura de financiamento externo, que pode sair muito cara, e não é ao Governo", acrescentou.
O presidente do PSD interrompeu o seu discurso neste ponto para fazer uma ressalva: "O Governo, a seu tempo, pagará, não tenho dúvida disso, o preço desta inconsciência que reinou durante estes anos em Portugal."
A preocupação do PSD, contudo, não é "a penalização eleitoral do PS", é evitar "a penalização do país", olhando "não apenas para 2011, mas para 2012, para 2013 e para os anos seguintes", acrescentou.
No início da sua intervenção, Pedro Passos Coelho citou o Fundo Monetário Internacional para afirmar que Portugal foi "um dos casos, a par da Itália, em que a última década foi por inteiro perdida" em termos de crescimento económico.
"Os últimos dez anos foram perdidos para Portugal", reforçou o presidente do PSD, assinalando ainda que, apesar disso, a despesa corrente primária e o esforço fiscal dos portugueses têm aumentado.
Passos Coelho acusou os socialistas de não terem feito as reformas necessárias. Caso contrário, "não estávamos hoje na iminência de ruptura da coesão social e do Estado social como estamos", assinalou.