O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, admitiu não ter grandes expectativas sobre o encontro do primeiro-ministro com o líder do PS, considerando que Passos Coelho procura "amarrar" António José Seguro às políticas de austeridade.
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"Não esperamos grande coisa, Passos Coelho procura obrigar o PS a uma clarificação e o amarramento às políticas que têm, infelizmente, levado no nosso país a uma situação de destruição, de desemprego, de injustiças", afirmou Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o presidente da República, com vista à marcação das eleições europeias.
Contudo, acrescentou, tal como tem acontecido, o PS não deverá fazer qualquer clarificação. "Nesta matéria verificamos um PS em cima do muro, não clarifica e não esperamos que haja essa clarificação", sublinhou.
A audiência entre Passos Coelho e António José Seguro, marcada para as 18.45 horas, surge na sequência do convite do primeiro-ministro ao líder do PS para analisar em conjunto o processo de conclusão do programa de assistência financeira e para a construção de uma "estratégia de médio prazo".
Governador do BdP chamado ao Parlamento
O secretário-geral do PCP foi ainda questionado sobre a prescrição de procedimentos contraordenacionais contra dirigentes do BCP, reiterando a intenção dos comunistas de chamar o governador do Banco de Portugal ao Parlamento.
"O PCP vai fazer esse pedido, hoje mesmo. Se não o fizermos vai aumentar a fila daqueles que estão à espera das prescrições libertando-se assim da sua responsabilidade de devolver ao Estado aquilo que de uma forma fora de lei alcançaram", disse, insistindo que o Banco de Portugal assume neste caso "responsabilidades muito idênticas aos atrasos da Justiça.
Jerónimo de Sousa, que no domingo tinha já falado sobre o caso das prescrições, repetiu que "o acesso à justiça e a justiça têm um valor universal e não pode haver justiça para os pobres e e uma justiça para os ricos".
"O plano dos esquemas, dos requerimentos, dos adiamentos feitos por quem tem dinheiro acabam por beneficiar os poderosos", sustentou.
Campanha para meter "o dedo na ferida"
O secretário-geral do PCP prometeu uma campanha para as eleições europeias "esclarecedora e mobilizadora", mas que coloque o "dedo na ferida" das consequências das políticas da União Europeia.
"Vai ser um esforço com sentido construtivo, mobilizador, mas colocando na ferida o dedo que é necessário colocar tendo em conta as políticas europeias, mas também as políticas nacionais que resultam das políticas nacionais", afirmou Jerónimo de Sousa aos jornalistas, no final de um encontro com o Presidente da República, com vista à marcação da data das eleições europeias.
Além disso, acrescentou, durante o período de campanha e campanha para as eleições europeias, que deverão realizar-se a 25 de maio, o PCP irá partir da situação nacional, das "inquietações dos portugueses" para demonstrar que a União Europeia tem um cariz cada vez mais neo-liberal e não é a Europa da coesão e "amiga de Portugal".
Ou seja, acrescentou, aprofundar o debate "sobre que União Europeia está ser construída, a favor de quem e contra quem, quais são os amarramento que hoje nos condicionam e as limitações que a União Europeia nos impõe, sem desresponsabilizar a política nacional e os responsáveis da política nacional".
