PCP e BE recusaram, esta quarta-feira, a formação de um governo de iniciativa presidencial, argumentando que permitiria a continuação da política baseada no memorando de entendimento e só substituiria "o pai da austeridade pelo padrinho da austeridade".
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Na resposta, deputados do PSD disseram que o Governo está empenhado na "manutenção da paz social" e desafiaram o Bloco de Esquerda a dizer se está do lado dos manifestantes pacíficos ou dos que "tentaram criar incidentes" em frente à Assembleia da República no sábado.
"É verdade que o Governo está frágil e a coligação tem debilidades, mas o facto de a política estar errada é uma mensagem que não pode deixar de passar. É isso é que é o garante que não volta a acontecer, com um governo da mesma maioria ou de iniciativa presidencial", argumentou Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP.
"Se dúvidas houvesse sobre o Estado a que chegou a falta de apoio popular a este Governo, as manifestações de sábado vieram confirmar que PSD e CDS não dispõem já da base social de apoio político que lhes deu a maioria ainda representada na Assembleia da República", disse Bernardino Soares.
A "fortíssima contestação social abre brechas na própria coligação, que podem ainda não ser definitivas, mas são já sem dúvida irreversíveis", argumentou, sublinhando que "nunca uma maioria ficou tão fragilizada ao fim de apenas um ano de Governo".
João Semedo, do Bloco de Esquerda, assumiu de forma mais clara que "não resta outra solução que não seja a demissão do Governo", dizendo que nas manifestações de sábado "um milhão de portugueses apontou a porta da rua ao Governo".
"Àqueles que pensam que qualquer governo de iniciativa presidencial é a solução, dizemos que um governo de iniciativa presidencial seria substituir o pai da austeridade pelo padrinho da austeridade", defendeu.
O deputado comunista João Oliveira perguntou a João Semedo se não é preciso, além de "derrotar o Governo, também construir uma outra política".
O bloquista respondeu que "o povo reclama uma outra política e não apenas um outro Governo" e "é isso que as forças políticas e sociais e a esquerda portuguesa, tem que ser capaz de construir"
"Só um Governo de Esquerda estará em condições de vencer a austeridade", sublinhou.
O deputado do PSD Adão Silva defendeu que aquilo que o Governo está a fazer "é patriótico" e que "há uma coisa que o Governo vai fazer até ao fim: a manutenção da paz social", enquanto o também social-democrata Carlos Abreu Amorim acusou o BE de fazer uma "interpretação não autentica das manifestações".
"Foi sobretudo uma manifestação de desilusão, não tanto com o Governo ou o momento presente, mas com a política e os caminhos que a Democracia tem tomado nos últimos anos. Aquela manifestação não tem dono, não pode ser titulada", argumentou.
Carlos Abreu Amorim desafiou ainda o Bloco a dizer de que lado está na "manifestação de sábado, que correu tão bem", se do lado dos manifestantes que protestaram pacificamente, se do "lado daqueles que tentaram subverter a democracia, criando incidentes, turbulência, intranquilidade pública".
João Semedo respondeu com dúvidas sobre de que lado está o PSD e o CDS, que "prometem nas eleições o que não fazem no Governo".
"Isso é que é subverter a democracia", defendeu.
O deputado de "Os Verdes" José Luís Ferreira saudou as manifestações de sábado e apelou à participação no protesto da CGTP, no dia 29, no Terreiro do Paço.
"O Governo quer deixar os portugueses a pão e água. Já não se trata apenas de austeridade, mas sim de imoralidade, de injustiça", defendeu.