Portugal é um dos últimos países europeus a apresentar medidas de austeridade mais severas para sanear as contas públicas, depois de Espanha, França, Alemanha e Reino Unido já o terem feito.
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Os seus parceiros mais fustigados pelos mercados internacionais, Irlanda e Grécia, por razões diferentes, tomaram medidas severas para sanear as contas públicas. A Irlanda devido ao seu previsível enorme défice (32% em 2010) e a Grécia imposta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Logo em 2009, o governo irlandês aprovou subida de impostos, cortes da despesa pública e nos salários até 20%, enquanto a Grécia decidiu em Março deste ano subida do IVA, congelamento das reformas e redução em 30% do 13.º mês e em 60% do 14.º mês de salário dos funcionários públicos.
Em Espanha, de acordo com o anteprojeto de lei apresentado por José Luiz Zapatero e actualmente a iniciar o seu trâmite parlamentar, os salários dos funcionários públicos ficam congelados e haverá uma entrada por cada saída, enquanto os gastos dos ministérios cairão em média 15,6%.
No entanto, num orçamento em que é reconhecido o desemprego como o maior problema da economia espanhola, a despesa com gastos sociais cresce e representará 58% do orçamento.
Já em Maio, o primeiro ministro tinha convocado o país a "um esforço colectivo" ao decidir cortar 5% de gastos com funcionários públicos.
O projeto de Lei de Finanças para 2011 em França, apresentado em Setembro em Conselho de Ministros, prevê uma redução do défice para 6% através da supressão de 31.638 postos de trabalho na função pública e uma redução dos nichos fiscais que deverá render às contas públicas 9,4 mil milhões de euros.
O esforço de redução da despesa pública é "o maior nos últimos 50 anos", resumiu o ministro do Orçamento francês, François Baroin, na altura.
Na Alemanha, o orçamento do Estado de 2011 é o primeiro a refletir o plano de austeridade que prevê poupar mais de 80 mil milhões de euros até 2014 e reduzir o défice orçamental a 0,35% do Produto Interno Bruto até 2016.
A ministra do Trabalho e Solidariedade Social, Úrsula von der Leyen, vai ver o seu orçamento reduzido em 12 mil milhões de euros em relação ao ano em curso, o que implica cortes nos subsídios de paternidade e no rendimento mínimo garantido.
O orçamento do Estado no Reino Unido, é apresentado tradicionalmente na primavera, mas apenas um mês depois da entrada em funções da coligação entre conservadores e democratas liberais foi conhecido a 22 de Junho um "orçamento de emergência".
Neste documento, foi anunciado um aumento do IVA de 17,5% para 20% a partir de 4 de Janeiro de 2011 e o congelamento por dois anos dos salários dos funcionários públicos acima dos 24 mil euros anuais.
A 20 de Outubro, serão apresentadas novas medidas de austeridade com o governo a fazer saber que irá eliminar o subsídio de família a partir de 2013 para os agregados com mais rendimentos e que vai cortar nas despesas dos ministérios, em média 25%, com excepção da saúde e cooperação internacional.
O governo britânico espera eliminar quase completamente em quatro anos o défice de 10% do PIB registado em 2009/10.