O economista e ex-governador do Banco de Portugal Silva Lopes criticou duramente, esta manhã, nas jornadas parlamentares do PS, as projeções feitas pelo FMI que surgiram após a décima avaliação do programa de ajustamento português, ao tempo tempo que deixou vários avisos aos socialistas.
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Para Silva Lopes, este não é o momento para pedir a reestruturação da dívida e nem para baixar os impostos. O economista disse ter ficado "desiludido" com o PS por ter acordado a redução do IRC.
Pessimista por natureza, como o próprio admitiu perante os convidados, Silva Lopes afirmou que a projeção da dívida pública traçada pelo FMI "é medonha" e que disse não acreditar numa diminuição. Deu como exemplo, os hospitais, "que estão a acumular endividamento" que não consta dos gráficos. Também não acredita nas projeções que dão conta de um crescimento económico a partir de 2014, classificando os gráficos como "artificiais" e construídos de forma "consciente". Acredita que se o FMI fosse mais rigoroso, a dívida pública estaria a subir e os mercados internacionais cobrariam juros ainda mais elevados.
E dirigindo-se ao PS, avisou que "o partido está num bico de obra" em matéria de baixa de impostos, tem tem marcado o discurso do Governo. "Do ponto de vista económico é perigoso, é de uma irresponsabilidade total. O PS não pode dizer que é contra, mas tem de atacar o mais que puder", sugeriu.
Silva Lopes confessou-se ainda "muito desiludido" com o PS por ter acordado com o Governo uma redução do IRC, considerando-a "inútil" por beneficiar apenas os grandes acionistas.