Primeiro aos directores, a seguir aos deputados e depois aos outros jornalistas, o líder do PSD desdobrou-se ontem, terça-feira, em declarações para explicar como o seu projecto de revisão constititucional, "ousado mas não radical", "abre a porta a um Estado social mais justo".
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Pedro Passos Coelho terminou o dia de ontem, na sede nacional do partido, a garantir aos jornalistas a convicção pessoal de que o projecto que hoje será entregue na mesa da Assembleia da República "é essencial para tornar mais rápido o crescimento e a criação de emprego e para dar sustentabilidade às finanças públicas" do país. "Que é como quem diz", acentuou, "para podermos defender um Estado social moderno, mais justo para o século XXI".
Antes de falar aos jornalistas, o líder dos sociais-democratas foi explicar (numa reunião à porta fechada) aos deputados o sentido da mudanças de última hora que introduziu no anteprojecto aprovado no Conselho Nacional. Ia acompanhado por Paulo Teixeira Pinto, coordenador do grupo de trabalho para a elaboração do projecto, que perante os parlamentares assumiu a responsabilidade de eventuais erros do texto.
Mais de duas horas depois, o líder saiu da sala e fez silêncio sobre as críticas que ouviu de alguns deputados. Pacheco Pereira, José Eduardo Martins, António Preto e Luís Rodrigues terão sido alguns dos protagonistas da contestação ao método de seguido para a aprovação do documento, que só foi distribuído aos deputados pouco antes do início da reunião. O JN sabe que foi particularmente contestada a ausência de debate no interior. E houve lamentos pelos danos públicos provocados pelos avanços e recuos do projecto.
Depois de reconhecer ter existido um sobressalto na Opinião Pública por causa da retirada da "justa causa" como única condição para o despedimento individual dos trabalhadores, Passos Coelho explicou aos deputados que a introdução da expressão "razão legalmente atendível" remete para a lei ordinária, tendo como "guarda-chuva" a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. Assim, segundo a argumentação do líder do PSD, os socialistas não poderão contestar.
Mais tarde, aos jornalistas, Passo Coelho também se referiu aos socialistas para garantir que o objectivo do PSD "não é ganhar uma batalha com o PS, mas procurar consensos".
Sem resposta não ficou Cavaco Silva (ler pág. seguinte), a quem garantiu que cada alteração proposta no projecto "foi muito pesada e é plenamente justificável, mas não há ideias incontestáveis". Um remate final de um dia pesado para o líder do PSD.
Explicado e entregue o projecto de revisão constitucional, a nova batalha é condicionar o próximo Orçamento de Estado.