O PS acusou o ministro da Economia, Pires de Lima, de protagonizar um "número político" e assegurou que continua a aguardar as informações que solicitou para discutir com o Governo as infraestruturas prioritárias que devem receber investimento público.
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"Consideramos que é mais um número político por parte do governo e do ministro Pires de Lima. O Partido Socialista (PS) não recusou nenhuma reunião sobre este tema. O que se passa é que o PS continua à espera da informação que solicitou", disse à Lusa do deputado do PS Rui Paulo Figueiredo.
O parlamentar reagia às declarações do ministro da Economia, também à Lusa, em que acusou o PS de não ter aceitado o convite do Governo para discutir as infraestruturas prioritárias que devem receber investimento público nos próximos anos, considerando "insólita" a recusa dos socialistas.
Pires de Lima disse ainda que o PS enviou uma carta durante a tarde de sexta-feira "dando nota que recusava o convite para se sentar à mesa e participar na discussão do relatório independente".
Ao contrariar a interpretação do membro do Governo, o deputado socialista explicou que foi solicitado um conjunto de informação relevante para o PS "analisar seriamente" os projetos. "E se o PS quer informação relevante e quer analisar os projetos é porque está disponível, como sempre esteve, para dialogar sobre estes assuntos", sublinhou.
Rui Paulo Figueiredo recordou a primeira resposta do Governo ao PS sobre esta matéria, com dados que considerou relevantes.
"Primeiro, que só têm documentos sobre a matéria dos transportes e da mobilidade e que não têm documentos sobre outras áreas de investimento. Depois, que dos 30 projetos apresentados, 15 não têm nenhum estudo de custo-benefício. E o Governo disse que, em relação àqueles que têm, que iria remeter essa informação ao PS mas que até a data, pelo menos até ontem [sexta-feira], nenhum dessa informação tinha chegado ao PS".
Ainda de acordo com o deputado socialista, o Governo garantiu então que iria questionar o grupo de trabalho, mas Rui Paulo Figueiredo censurou o Executivo por não ter promovido qualquer estudo significativo.
"O Governo não tinha nenhum estudo sobre o impacto dos projetos na economia, não tinha nenhum estudo sobre o impacto dos projetos no emprego e não tinha nenhum estudo, ideia, sobre o cabimento orçamental destes projetos", frisou.
"Mas informou que iria solicitar ao grupo de trabalho se teria desenvolvido por sua iniciativa alguma informação que pudesse ser útil remeter ao PS. E portanto o PS considerou que para existir uma discussão séria sobre esta matéria precisava desta informação. E consideramos que o governo está pelos vistos mais interessado em fazer números políticos sem ter feito previamente o trabalho de casa", acrescentou.
Rui Paulo Figueiredo garantiu que o PS continua a aguardar pela informação solicitada e sugeriu que até à divulgação desses dados o debate poderia remeter-se à comissão de Economia e Obras Públicas, onde irá decorrer uma audição para que o grupo de trabalho apresente este relatório.
Por sua vez, e ainda segundo o deputado socialista, o Governo também prescindiu até ao momento de se pronunciar sobre este estudo e a viabilidade dos projetos.
"A única informação que temos foi dada pelo ministro [Adjunto e do Desenvolvimento Regional] Poiares Maduro, que referiu que os valores que este estudo identificava como sendo possíveis de serem construídos alguns destes projetos, com fundos comunitários, que não era essa a verba que está no acordo de parceria, ou seja não bate a bota com a perdigota nesta matéria", salientou.
Por este motivo, e para o deputado socialista, Pires de Lima deverá dizer "quais os projetos que vai alocar esta verba" pelo facto de Poiares Maduro apenas disponibilizar "um terço da verba que o grupo de trabalho considerava necessária".
"Era também isso que o PS estava à espera", sustentou. E insistiu: "O ministro está a fazer um número político que não é verdadeiro. Não só o PS não recusou nenhuma reunião ou conversa, como pelo contrário continua à espera da informação para poder analisar e conversar com o Governo".