A redefinição do papel do Estado é um dos conceitos ideológicos com que o PSD pretende sublinhar as diferenças entre sociais-democratas e socialistas. Esta ideia enformará o programa do partido que será divulgado a 27.
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A Saúde é uma das áreas nas quais o PSD admite aumentar a presença do sector privado em detrimento do público. A proposta concreta só será divulgada por Manuela Ferreira Leite, mas ontem, o vice-presidente do partido, José Pedro Aguiar Branco, admitiu a alguns jornalistas, após a reunião com os cabeças de lista na sede do PSD, que o Estado "não tem que estar em tudo" e que é possível transferir para a iniciativa privada determinadas funções.
"É o caso de alguns serviços na Saúde", confirmou o dirigente social-democrata, sem se mostrar disponível para concretizar as propostas que estarão no programa de Governo. No entanto, não deixou de acusar os socialistas de terem uma visão "retrógrada de uma Estado, dirigista, centralizador e planeador", que diz ser um instrumento "para manter clientelas e sovietizar a sociedade".
A "reafirmação das dissemelhanças doutrinárias" entre o PSD e o PS é um eixo central da cartilha para o discurso de campanha que Manuela Ferreira Leite ontem entregou aos candidatos que encabeçam as listas do partido às legislativas de 27 de Setembro.
Ao longo das 39 páginas de um pequeno livro de capa azul e com a foto da líder na contracapa, são dados parâmetros de argumentação, que se centram no "uso da verdade" contra os socialistas que "têm optado por esconder, por iludir, por fazer de conta".
Com o título "A nossa análise e os nossos princípios", o manual tem o objectivo, como clarificou Aguiar Branco, "apoiar os candidatos para desenvolveram uma linha de coerência da intervenção pública". Até porque "muitos são novos na actividade política e outros regressam de um período de afastamento".
À reunião de ontem, faltaram Alberto João Jardim (Madeira), Montalvão Machado (Vila Real), José Luís Arnaut (Viseu) e Costa Neves (Castelo Branco)
Para as diversas áreas da governação, entre dados estatísticos com os quais se pretende demonstrar erros socialistas", avançam-se com pistas para o discurso mais ideológico porque, escreve Manuela Ferreira Leite, "o julgamento eleitoral tem sobretudo de ser racional, isto é, resultar de uma avaliação fundada em elementos objectivos".
Em síntese, ao longo de cerca de três horas, os candidatos debateram a forma como irão convencer o eleitoral de que "o país está pior por causa da governação socialista" e que "o PSD tem um caminho alternativo". Com "ambição" como palavra-chave.