Santana Lopes critica falta de autoridade, de transparência e de humildade da "troika"
O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes criticou, esta quinta-feira, a falta de autoridade, transparência e humildade das instituições que constituem a 'troika' e considerou que Portugal está a viver a situação mais vexatória da sua história.
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Referindo que "a história destas instituições [CE, BCE e FMI] na evolução económica na União Europeia mostrou que têm pouca autoridade", Santana Lopes exemplificou com as diferentes reacções que a Comissão Europeia tem face ao défice e à dívida e que, segundo acredita, "não têm explicação".
"A Comissão Europeia [que, em conjunto com o BCE e o FMI compõe a 'troika'] já levantou procedimentos por défice excessivo. A dúvida é saber porque é que nunca levantou por dívida excessiva como prevê o Tratado de Maastrich?", questionou na sua intervenção na conferência "Vamos avaliar a Troika", a decorrer na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Santana Lopes adiantou ainda estranhar a "opacidade" do processo que levou ao resgate de Portugal, questionado o tempo e as medidas ajustadas pelos técnicos da 'troika'.
"Quem foi a equipa portuguesa que assessório a 'troika' para que esta apresentasse todas estas iniciativas?", avançou, ironizando que "em um mês conseguiram fazer aquilo que nenhum grupo conhecedor teria conseguido em dois meses".
O antigo primeiro-ministro e líder do PSD considerou ainda que a 'troika' deve "ter alguma superioridade em relação a nós", já que "diz coisas óbvias, que já sabemos há muito tempo", exemplificando com a consideração de que "só deve haver mais remuneração para maior produtividade".
Acusando os "poderes instalados há tempo demais", Santana Lopes lamentou a presença da 'troika' em Portugal, afirmando que esta é "provavelmente a situação mais vexatória [para a soberania do país] desde o 'ultimato' inglês".