O ex-primeiro ministro Pedro Santana Lopes disse à agência Lusa que o Presidente da República "tem uma leitura contida dos poderes presidenciais", discordando do seu papel "pouco interventivo" durante o seu mandato.
Corpo do artigo
"Acho que o Presidente da República tem uma leitura contida dos poderes presidenciais, das possibilidades de intervenção do Presidente no sistema de Governo", afirmou Santana Lopes, à margem de uma tertúlia realizada quinta feira à noite subordinada ao tema "O papel do Presidente da República no sistema político português".
Contudo, o antigo líder social democrata sublinhou a coerência de Cavado Silva que, diz, "sempre manteve a mesma leitura ao longo de todo o seu mandato".
Durante a tertúlia, Santana Lopes realçou que não concordou com algumas decisões tomadas por Cavaco Silva, nomeadamente da aceitação do casamento entre homossexuais.
"Entristeceu-me e fiquei desiludido", desabafou Santana Lopes.
Apesar disso, o ex-governante realçou que a primeira parte do mandato de Cavaco Silva foi "correcta", colocando "reservas" ao seu trabalho depois das eleições legislativas.
"Na sequência das legislativas o Presidente da República tinha obrigação de ter promovido um Governo maioritário. É inaceitável que o país como está tenha um Governo de minoria", defendeu.
Sobre as próximas eleições presidenciais, Santana Lopes espera que o debate seja feito em torno das possibilidades de intervenção que um Presidente deve ter no sistema governativo.
"Queremos saber o que é que o candidato pensa sobre o exercício dos poderes presidenciais, a letra e o exercício dos poderes", sustentou.
Pedro Santana Lopes acredita, no entanto, que Cavaco Silva, no caso de recandidatar, "será certamente reeleito".