O secretário-geral do PS, António José Seguro, defendeu, esta terça-feira, que a proposta de Orçamento para 2013 está condenada ao fracasso e que ninguém acredita nela, a começar pelo ministro de Estado e presidente do CDS-PP, Paulo Portas.
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"É um Orçamento do Estado condenado ao insucesso. Ninguém acredita nele, a começar pelo próprio líder do CDS e ministro dos Negócios Estrangeiros", afirmou o secretário-geral do PS, durante o debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2013, na Assembleia da República.
Segundo António José Seguro, o cenário macroeconómico inscrito na proposta do Governo não é credível, nenhum economista da bancada do PSD dá validade à previsão de uma recessão de apenas um por cento no próximo ano e, por isso, o primeiro-ministro está a tentar "fugir como o diabo da cruz" da discussão do Orçamento.
O secretário-geral do PS, que respondia ao ao vice-presidente da bancada social-democrata Luís Menezes, alegou que o PSD só quer falar do passado por não haver resultados da política do Governo para apresentar nem estratégia para o futuro.
Antes, Luís Menezes responsabilizou os socialistas pela atual situação do país e perguntou a António José Seguro "onde é que andou nos últimos seis anos em que o PS foi Governo em Portugal" e "elevou o endividamento para níveis insustentáveis", fez obras públicas e parcerias público-privadas (PPP) deixando a fatura para mais tarde.
Passos pede defesa da honra
O momento de maior confusão no hemiciclo, esta tarde, aconteceu quando o líder socialista referiu qual é a sua perspetiva do comportamento de Pedro Passos Coelho quando se desloca a Bruxelas para participar nas cimeiras de chefes de Estado e de Governo da União Europeia.
"Para que Portugal possa ter mais tempo [no processo de consolidação orçamental] e menos juros precisa de ter um Governo e um primeiro-ministro que não vá aos conselhos europeus para entrar mudo e sair calado, mas que defenda os interesses de Portugal. Precisamos de ter um Governo e um primeiro-ministro com voz na Europa, que defenda os interesses de Portugal na Europa e não os interesses da senhora Merkel em Portugal", disse.
Segundos depois, Pedro Passos Coelho levantou-se do seu lugar na bancada do Governo e pediu a palavra, invocando a figura regimental da defesa da honra. "Há limites para o debate público e para o debate político. O senhor deputado António José Seguro repetiu aqui uma coisa que já tinha dito em outro local: Que o primeiro-ministro entrava mudo e saia calado das reuniões do conselho europeu, mas isso é falso", começou por contrapor o líder do executivo, antes de aconselhar o secretário-geral a consultar as atas das cimeiras.
Pedro Passos Coelho disse depois que este Governo "não representa nenhum chefe de Estado ou de Governo estrangeiro, mas sim os portugueses, porque foram os portugueses que votaram e escolheras este Governo".
"Quero recordar ao senhor deputado António José Seguro que quem pediu a países da União Europeia apoio financeiro para salvar Portugal não fui eu, mas foi um primeiro-ministro do seu partido", disse, recebendo prolongadas palmas das bancadas do PSD e do CDS.