António José Seguro manifestou-se "profundamente chocado" com a decisão do Governo de criar um imposto extraordinário no subsídio de Natal, advertindo que, se for eleito líder do PS, os socialistas não darão apoio a essa medida.
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"Estou profundamente chocado com o anúncio deste imposto", declarou o candidato à liderança do PS, num comentário à decisão do Governo de avançar com uma contribuição especial equivalente a 50% do subsídio de Natal para rendimentos superiores ao salário mínimo nacional.
Falando aos jornalistas a meio do debate do Programa do Governo, António José Seguro acusou o executivo de coligação PSD/CDS de revelar "uma enorme insensibilidade social" com o anúncio dessa contribuição especial a partir do subsídio de Natal.
"Como disse o senhor presidente da República (Cavaco Silva) no dia em que tomou posse, há limites para os sacrifícios - e este é um limite para esse sacrifício, que não está previsto no memorando da troika, não está apontado no Programa do Governo, não constituiu uma promessa eleitoral e, além disso, o actual primeiro-ministro disse em Março que mexer nos subsídios de férias ou de Natal seria um disparate", acusou.
Para Seguro, esta medida "mais do que um disparate, é chocante", advogando depois que "os portugueses estão fartos de sacrifícios e qualquer sacrifício adicional precisa de ser fundamentado", o que não aconteceu.
"A única coisa que se passou foi o primeiro-ministro alegar o princípio da precaução", declarou.
António José Seguro considerou que o primeiro-ministro começou logo "mal quando há uma semana anunciou mais austeridade face ao programa de austeridade decorrente do programa da troika", em vez de falar em medidas de apoio ao crescimento económico.
"Agora, eu não estava mesmo à espera desta medida, que revela uma profunda insensibilidade social e a palavra que me ocorre neste momento é que se trata de uma medida que choca todos os portugueses que, como eu, têm os portugueses no centro das suas preocupações e acção política", declarou.
Interrogado sobre como votará o PS esse aumento de impostos - isto num cenário em que seja eleito para a liderança dos socialistas -, António José Seguro respondeu que a medida, tal como foi anunciada esta quinta-feira por Pedro Passos Coelho, "não terá os votos" dos deputados socialistas.
"Quero um PS que seja oposição responsável e construtiva, mas isso não significa que o PS seja refém de todas as medidas do Governo - e desta não somos mesmo", acrescentou.