O ministro da Presidência reafirmou, hoje, sábado, que considera "deplorável" a posição do PSD sobre a utilização da 'golden share' na PT transmitida por Passos Coelho em Espanha, mas que isso não invalida o "diálogo" no Parlamento.<br />
Corpo do artigo
"Era o que mais faltava que o PSD pudesse criticar a posição que o Governo tomou e o Governo não pudesse criticar a posição do PSD. Não é assim que se faz uma cooperação. Isso não invalida naturalmente o quadro de diálogo que mantemos para negociar, no Parlamento, as medidas que carecem de apoio maioritário, o sentido de responsabilidade dos partidos é que conta aí para convergir nessas soluções e nós esperamos que esse quadro se mantenha", afirmou Pedro Silva Pereira.
O governante respondia ao secretário geral do PSD, Miguel Relvas, que afirmou que o Governo corria o risco de "ficar a falar sozinho", na sequência de declarações de Silva Pereira ao Expresso, tecendo fortes críticas ao líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que numa visita a Espanha criticou o uso da 'golden share' para vetar a compra da parte da PT na Vivo, pela espanhola Telefónica.
"A digressão espanhola do líder do PSD foi de facto uma vergonha porque, no momento em que o governo português está a lutar para defender os interesses nacionais num sector estratégico como é o das telecomunicações, ver o líder do PSD ir a Espanha defender uma posição favorável à da empresa de telecomunicações espanhola, a Telefónica, e fazer campanha contra o uso da 'golden share' parece-nos uma falta de consciência, de solidariedade com a defesa dos interesses nacionais e um comportamento inqualificável que merece ser criticado", reafirmou hoje Pedro Silva Pereira.
"A posição inicial do PSD, contra a proposta mas a favor do negócio, é uma coisa que ninguém chegou a perceber. Em cima disto, um comportamento que é ir a Espanha fazer campanha contra a defesa dos interesses nacionais, que o Governo está a fazer através do uso dos seus direitos especiais, pensamos que isso é uma quebra de solidariedade com a defesa dos interesses nacionais", acrescentou.
O ministro da presidência disse, no entanto, que este tipo de críticas "faz parte da vida democrática" e que se o PSD faz as críticas "como bem entende, o Governo naturalmente responde também às posições políticas do maior partido da oposição".
Quanto a Miguel Relvas, o governante disse que "está a desconversar" e que lhe foi colocada uma questão "acerca do comportamento do PSD quanto a este negócio da Telefónica e ao modo como foi a Espanha defender uma posição contrária àquela que o Governo português estava a tomar" e preferiu "mudar de assunto", o que na sua opinião "só mostra que o PSD não tem uma boa resposta para dar e uma justificação".
Pedro Silva Pereira considerou ainda que o líder do PSD "pode ir a Espanha as vezes que entender" mas que "se deve abster" de, no estrangeiro, e sobretudo neste caso, "fazer campanha contra as acções do governo português".