As federações sindicais de professores consideraram hoje, sexta-feira, positivo o debate que culminou com a aprovação no Parlamento do projecto de resolução do PSD
Corpo do artigo
Se para o secretário-geral da Federação Nacional de Sindicatos da Educação (FNE), João Dias da Silva, foi dado um passo "muito expressivo, positivo e significativo" para acabar com uma estrutura de carreira sustentada na divisão dos professores em duas categorias, para o dirigente da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), Mário Nogueira, o debate parlamentar teve importância, mas "podia ter ido mais longe".
O projecto de resolução do PSD, aprovado com os votos dos sociais-democratas e a abstenção do PS, recomenda ao Governo o fim da divisão da carreira (entre professor e professor titular) e a definição de um novo modelo de avaliação em 30 dias.
"Isto é um momento importantíssimo que condiciona o trabalho negocial que vamos ter pela frente e que representa uma vitória dos professores", disse à agência Lusa o responsável da FNE.
João Dias da Silva vê "perspectivas positivas" para a revisão futura da carreira, destacando também o "prazo muito curto", de 30 dias, para que tenha de ser encontrado um novo modelo de avaliação, sem os professores serem prejudicados.
"Todos os partidos votaram a favor do fim da divisão das carreiras e de um novo modelo", disse, considerando a abstenção socialista um sinal de abertura à mudança.
"A Assembleia da República foi hoje favorável ao fim das duas categorias e a um novo modelo de avaliação", sublinhou.
Para a FNE, estão criadas condições para a valorização da profissão docente.
O líder da FENPROF, por seu lado, sublinhou que o mais importante nos últimos dias foi o regresso do debate ao Parlamento e "a compreensão por parte do partido no poder que não era possível manter a intransigência com que defendeu algumas das medidas mais negativas que impôs aos professores", nomeadamente o modelo de avaliação.
"Penso também que já toda a gente percebeu que a divisão da carreira tem os dias contados. O mais importante foi ter obrigado o Ministério da Educação (ME) a abrir um processo negocial, com calendarização", considerou.
Mário Nogueira indicou que as negociações sobre a estrutura da carreira começam quarta-feira, frisando também a importância de já ter sido enviada às escolas informação sobre a avaliação.
"O principal impacto do debate reflectiu-se já em iniciativas que o ministério teve de tomar" sobre a avaliação e "deixando já perceber que a carreira dividida vai acabar", ressaltou.
Defendeu porém que a Assembleia da República podia ter ido mais longe, aprovando uma lei e não apenas uma recomendação ou insistindo na suspensão do modelo de avaliação "ainda que pudesse ser outra a palavra".
Gostaria também de ver recomendado ao Governo que este dissesse às escolas que não tem sentido estarem "a desenvolver tarefas dentro de um modelo que vai acabar em pouco tempo".
"Já basta o que têm de fazer e é muito. Estou em crer que o ME também vai ter sensibilidade para resolver esse problema", declarou.
Por fim, lamentou que a discussão parlamentar tenha terminado com "o isolamento daqueles que estiveram do lado dos professores" quando "poderia ter culminado com o isolamento daqueles que em alguns momentos estiveram contra os professores".