"Histórico" socialista diz que uma coligação do PS com o BE foi "uma coisa inventada pela comunicação social".
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"Isso foi uma coisa inventada pela comunicação social. Não há coligações, mas pode haver acordos pontuais, no futuro. Mas isso depende das pessoas, dos resultados... Falar nisso agora é só para embrulhar as coisas", defendeu Mário Soares, no final da cerimónia de doutoramento Honoris Causa do presidente do Grupo Bial, Luís Portela.
Mário Soares escusou-se a fazer mais cenários sobre o assunto antes das eleições, salientando que a esquerda vai unir-se contra a direita, no caso do PSD ganhar as eleições.
"É o futuro dos portugueses que está em causa [nas eleições]. Se se juntar uma crise política e social à crise mundial que temos, quem fica mal são os mais pobres e desfavorecidos. Se houvesse uma vitória do PSD, que é um partido de direita, havia uma maioria sociológica de esquerda. Se a esquerda não se une para governar une-se, com certeza, para lutar contra a direita, se a direita vier a estar no Governo", frisou.
Demissão do assessor do Presidente ainda por esclarecer
Mário Soares comentou ainda o caso da demissão do assessor do Presidente da República, Fernando Lima, no âmbito do chamado "caso das escutas".
Considera que "está tudo para se ver", frisando não saber, "sequer, se Fernando Lima foi demitido ou não, porque ainda não saiu no Diário da República".
O ex-chefe de Estado referiu que o director do Público "já disse umas coisas um bocado desagradáveis", pelo que é preciso "ver o que se vai passar" com ele.
Sobre o caso e sobre a demissão do assessor do Presidente da República, o socialista preferiu o silêncio. "Não reajo. Estou calado e à espera. Na qualidade de membro do conselho de Estado, devo pronunciar-me quando for chamado para tal, e não antes", disse Mário Soares.
Os jornalistas ainda perguntaram ao socialista se este assunto desestabilizou a campanha eleitoral, mas Mário Soares preferiu falar no "crescendo" do PS.
"O povo está a perceber que José Sócrates não é aquilo que o pintavam. Não é uma pessoa arrogante, desonesta. É um homem impoluto, uma pessoa séria que quer o bem do país, que tem feito muito pelo bem do país, mas que apanhou uma crise mundial que não se pode comparar com qualquer outra crise", frisou.