Sócrates apela para partidos não inviabilizarem portagens a pretexto dos "chips"
O primeiro ministro, José Sócrates, apelou hoje, sexta-feira, para que os partidos que defendem a introdução de portagens nas SCUT não as inviabilizem a pretexto "dos chips" de matrícula, após questionado pelo secretário geral do PCP.
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"O Governo deseja que o debate sobre o dispositivo electrónico dos veículos não sirva de desculpa nem de expediente para os partidos que dizem que defendem portagens afinal de contas impeçam as portagens, apenas porque não estão de acordo com o dispositivo", afirmou José Sócrates durante o debate quinzenal, no Parlamento.
O primeiro ministro referia-se à aprovação, na quinta feira, na generalidade, da revogação da obrigatoriedade do dispositivo electrónico de matrícula (chip) como mecanismo de cobrança de portagens.
"O PSD exprimiu uma opinião" para a introdução de portagens em todas as SCUT, disse Sócrates, com a qual o Governo "não concorda" por haver regiões, no interior do país, que justificam que não se cobre portagens.
Foi o secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que levou o tema, que marcou a semana, ao debate quinzenal, criticando a "negociação de alcova" entre o Governo e o PSD, partido que "pede portagens em todo o país, multiplicando o mal e pondo em causa o desenvolvimento do interior".
Jerónimo de Sousa questionou o que é que mudou para "os critérios que estiveram na origem da criação e da classificação das SCUT (autoestradas sem custos para o utilizador) para imporem agora as portagens.
"Na generalidade das regiões atingidas, continua a não haver vias alternativas que garantam com segurança os fluxos rodoviários" e, em termos de desenvolvimento, "o que mudou foi para pior", afirmou Jerónimo de Sousa.
Na resposta, José Sócrates assinalou ter notado "das outras bancadas, um silêncio sobre as SCUT", afirmando imaginar que a razão do silêncio seja "muita vergonha".
Quanto à posição do Governo, Sócrates disse que os critérios se mantêm: "nas zonas onde o PIB per capita é inferior à media nacional não deve haver portagens nessas autoestradas".
Contudo, nas três autoestradas junto à área metropolitana do Porto, nas quais o Governo quer iniciar a cobrança no dia 01 de Julho, "nada justifica que não tenham portagens", defendeu.
"O que vos motiva é o aproveitamento político, é a demagogia de quem quer aproveitar apenas o movimento de contestação", acusou o primeiro ministro, dirigindo-se à bancada do PCP.