O ministro de Estado e das Finanças acusou esta terça-feira o PS de estar pressionado por um "setor radical" e advertiu para o perigo de debilitação do sistema político português, apelando ao "setor moderado" dos socialistas para que resista.
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No encerramento da discussão do Orçamento do Estado para 2013, na Assembleia da República, Vítor Gaspar insistiu na importância da participação do PS no debate que o Governo quer promover sobre as funções do Estado, que disse ter como objetivo criar o que chamou de "Estado de investimento social", que seja sustentável.
O ministro das Finanças considerou que seria incompreensível uma recusa do PS em contribuir para esse debate "decisivo para o futuro de Portugal" e alegou que "as hesitações e ambiguidades" dos socialistas nesta matéria resultam de uma divisão interna.
Perante protestos e apartes da bancada socialista, Vítor Gaspar afirmou: "Há neste PS um lado que defende propostas radicais e aventureiras. Radicais, porque saem fora do consenso europeu e da sua própria família política. É exemplo a sugestão do financiamento monetário da dívida pública pelo Banco Central Europeu".
"Aventureiras, porque entraram por caminhos desconhecidos sem explicitar os perigos que contêm. É exemplo a polarização populista contra o programa de ajustamento como acordado com o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu", completou.
Sem se referir diretamente ao secretário-geral do PS, António José Seguro, o ministro das Finanças apelou: "Em tempos de crise e emergência o radicalismo e o populismo são perigosos. Quando os problemas são especialmente sérios, e é este o caso neste momento, torna-se tentador procurar soluções em jogadas de alto risco. Temos de resistir a essa tentação".
Segundo Vítor Gaspar, "existe um outro lado no PS, um lado moderado e herdeiro de uma orgulhosa linhagem europeísta", que tem "um sentimento de responsabilidade" e que "trará o PS ao debate sobre as funções do Estado".
O ministro das Finanças elogiou "a prudência, contra a tentação radical", e dramatizou: "Tudo será muito mais difícil se o nosso sistema político não souber resistir às tentações que enfrenta neste momento".
"Vítor Gaspar lembrou depois que Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal foi assinado pelo PS, PSD e CDS-PP.
"A esmagadora maioria dos deputados desta Assembleia da República foi eleita com o mandato claro de promover o ajustamento e superar a crise. É uma enorme responsabilidade. Em momentos de crise, existem duas alternativas: ou a crise é gerida pelo sistema político, ou o sistema político é debilitado pela crise", concluiu.