Já terminou a sessão do julgamento do processo Noite Branca, no Palácio da Justiça do Porto, que ficou suspenso até à próxima terça-feira. Bruno "Pidá" e os outros quatro arguidos optaram pelo silêncio.
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Também problemas de saúde da mãe da vítima mortal, que se constituiu assistente no processo, impediram a sua audição na sessão da tarde, pelo que os trabalhos foram interrompidos para serem reatados dia 15, às 10:00.
O colectivo de juízes presidido pela magistrada Manuela Paupério indeferiu um pedido do advogado Carlos Macanjo, que defende dois arguidos, para que as audiências passassem a decorrer à porta fechada.
Parte substancial desta primeira sessão foi preenchida com a leitura da pronúncia, que se prolongou por hora e meia.
Fortes medidas de segurança
Começou às 10:45h, sob fortes medidas de segurança, o julgamento do processo da Noite Branca, centrado no homicídio do segurança Ilídio Correia, que tem como principal arguido Bruno P. "Pidá".
Foi criado um perímetro de segurança em volta do Palácio da Justiça do Porto e ninguém entrou sem ser revistado.
Também a brigada de minas e armadilhas fez uma inspecção cautelar às instalações.
Os arguidos chegaram cerca das 09:30h e, à passagem das carrinhas onde seguiam, ouviram-se insultos aos jornalistas, segundo um repórter do JN no local.
A opção por um julgamento fora do Tribunal de São João Novo deve-se à insegurança da envolvente e não tanto do tribunal, já que se trata de uma zona acidentada, de casario denso e ruas estreitas, muito próxima dos locais onde ocorreram os crimes em causa no processo.
O homicídio de Ilídio Correia, ocorrido junto à Alfândega do Porto, a 500 metros do Tribunal de São João Novo, enquadrou-se numa espiral violenta que marcou a cidade do Porto em 2007 e que se saldou em quatro mortos e vários feridos.
O segurança, de 33 anos, foi morto a tiro na madrugada de 29 de Novembro de 2007, num crime que a equipa especial da procuradora Helena Fazenda imputou a Bruno P. ("Pidá") - alegado líder do grupo de seguranças da Ribeira -, Mauro S., Fernando M. ("Beckham"), Ângelo F. ("Tiné") e Fábio B.
Para o Ministério Público, que se alicerça em escutas telefónicas e testemunhos de irmãos da vítima, os disparos terão sido feitos a partir de uma viatura em que seguiriam os cinco arguidos, todos associados pelas autoridades ao "núcleo duro" do grupo de seguranças da Ribeira.
Ilídio Correia era dado como membro do grupo de seguranças de Miragaia, supostamente liderado por dois dos seus irmãos.
Aos arguidos agora levados a julgamento são ainda imputados cinco a sete tentativas de homicídio. Entre elas, o Ministério Público inclui um tiroteio a 28 de Novembro de 2007, no túnel da Ribeira do Porto, que resultou em danos no carro de Natalino Correia, irmão de Ilídio.
O "núcleo duro" do grupo da Ribeira é igualmente responsabilizado por disparos contra três irmãos da família Correia em 28 de Agosto de 2007.
Deste processo foram também extraídas certidões que resultaram em duas outras acusações.
Uma delas relaciona-se com tráfico de droga agravado e vai ser julgada, a partir do dia 14, na quarta vara de São João Novo, tendo como arguidos Bruno P. ("Pidá"), Mauro S., Fernando M. (Beckam) e Paulo A., todos do Porto, além do madeirense Paulo C.
Uma outra acusação, centrada em "Pidá", relaciona-se com o alegado exercício ilegal de segurança e deverá ser avaliada brevemente nos Juízos Criminais do Porto.
No âmbito do dossier Noite Branca, continuam sem acusação deduzida os dois casos mais mediáticos: o homicídio do empresário da noite Aurélio Palha, dono da discoteca Chic, a 27 de Agosto de 2007, e o assassinato do segurança Alberto Ferreira ("Berto Maluco"), a 10 de Dezembro do mesmo ano.
O primeiro processo resultante da operação Noite Branca chegou às varas criminais em Março deste ano, tendo Hugo Rocha sido condenado pela morte do segurança Nuno Gaiato, na antiga discoteca El Sonero, Porto, a 13 de Julho de 2007.
Já 11 de Agosto deste ano, Mauro S. um dos arguidos deste conjunto de processos, foi condenado a cinco anos e três meses de cadeia, num caso investigado à margem do processo Noite Branca e relacionado com tráfico de droga.
*Com Agência Lusa